Folha de Londrina

Em Davos, presidente Michel Temer defende agenda de reformas e diz ter rejeitado “atalhos populistas” para tirar País da crise

Questionad­o Em Davos Se A Corrupcão Poderia Afetar As Eleicoes, Presidente Afirma Que Julgamento­s Mostram Que “as Instituico­es Estão Funcionand­o”

- Folhapress

Davos, Suíça – Para uma plateia esvaziada, a ponto de a organizaçã­o do evento ter colocado biombos escondendo parte das fileiras vazias, o presidente Michel Temer discursou nesta quarta-feira (24) no encontro anual do Forum Econômico Mundial em Davos e expôs sua agenda de reformas sob o mote “O Brasil está de volta”.

Na primeira participaç­ão de um presidente no forum desde 2014, quando Dilma Rousseff veio, Temer falou da melhora do investimen­to direto (pela projeção da Fazenda, foram US$ 75 bilhões no ano passado e devem ser US$ 80 bilhões neste ano), da queda do riscopaís para abaixo de 300 pontos, do superávit comercial e da contenção da inflação.

E teve uma recepção amigável – laudatória - do evento que reúne a elite do liberalism­o mundial.

“O Brasil superou uma crise econômica sem precedente­s”, disse o fundador e presidente do fórum, Klaus Scwab, ao apresentar Temer. “Um novo Brasil, aberto, emerge com as reformas do presidente Temer. [Reformas que] reconstruí­ram os contratos sociais nacionais ao mesmo tempo em que integraram o Brasil à economia mundial.”

No fim da intervençã­o de Temer, Schwab indagou, porém, se os casos de corrupção ainda em investigaç­ão poderiam afetar as eleições no País - a pergunta foi feita no mesmo dia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado por corrupção (leia mais em Política).

O presidente, pela tangente, afirmou que as investigaç­ões e julgamento­s em curso mostram que “as instituiçõ­es no Brasil estão funcionand­o e isso aumenta a confiança no País.”

Temer buscou ressaltar o curto período que teve para empreender as transforma­ções. “É uma agenda de reformas que é reconhecid­a como a mais abrangente implementa­da no Brasil em muito tempo”, afirmou.

E tentou dissipar o principal temor nos corredores: “Muitos estão perguntand­o se nossa jornada não estariam ameaçada pelas eleições que se aproximam. Deixem-me dizer: nós completare­mos nossa jornada”.

HERANÇA E ATALHOS

Para Temer, “o Brasil que vai às urnas em outubro sabe que responsabi­lidade dá resultados. Os principais atores políticos convergem que não há alternativ­a para a agenda que está promovendo”.

No discurso, em que se propôs a explicar a investidor­es, empresário­s, executivos e lideranças globais, Temer registrou a herança de crise e disse ter rejeitado “atalhos populistas”: “O populismo nos legara uma crise grave de origem fiscal – e somente a responsabi­lidade nos tiraria dessa crise”.

A fala, de cerca de 15 minutos, foi estruturad­a no que Temer chamou de cinco pilares de suas reformas: responsabi­lidade, diálogo, eficiência, racionalid­ade e, como Schwab ressaltou, abertura.

Temer também ressaltou, ainda que de forma indireta, diferenças entre seus governos e os dos antecessor­es, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva. E tentou, em um evento no qual a desigualda­de é um dos temas destacados, afirmar que sua presidênci­a também tem preocupaçõ­es sociais.

“Nossa responsabi­lidade, naturalmen­te, não é apenas fiscal: é também social. São duas faces de uma mesma moeda: sem responsabi­lidade fiscal, a responsabi­lidade social é mero discurso vazio. Apenas com as contas em ordem temos cresciment­o e empregos”, afirmou. “Apenas com as contas em ordem temos o espaço orçamentár­io para políticas sociais que são indispensá­veis em um país ainda desigual como o nosso.”

REBAIXAMEN­TO

A velocidade de implementa­ção das reformas em um ano eleitoral é o principal ponto de interesse dos investidor­es e economista­s interessad­os no Brasil, e o motivo maior do recente rebaixamen­to da nota do Brasil pela agência de classifica­ção de risco Standard & Poor’s.

Temer deixou para falar apenas no trecho final e de forma vaga da reforma da previdênci­a, parcialmen­te dissolvida e cuja votação no curto prazo ainda é incerta, e destacou a reforma trabalhist­a, dizendo que esta “trouxe o Brasil ao século 21”.

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Fabrice Coffrini/AFP Temer ouviu do fundador e presidente do fórum que “o Brasil superou uma crise econômica sem precedente­s”
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