‘Novo tremor’ abala Londrina
Enquanto o País acompanhava nessa quinta-feira (24) o julgamento do recurso de apelação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao TRF-4 ( Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre – o petista acabou derrotado por 3 a 0 e sua defesa vai recorrer da decisão -, Londrina era abalada por um novo tremor. Só que desta vez não se tratavam dos abalos sísmicos que assustaram moradores da zona sul no último domingo. O tremor desta vez atingiu em cheio a Câmara de Vereadores e trouxe à memória antigos casos de corrupção abalando a alma do londrinense, que pensava que gestores públicos e empresários da cidade haviam aprendido a lição: legislar pela cidade e não levar vantagens. Claro, que a Operação ZR3 – nome emblemático que se refere à Lei de Zoneamento de Londrina – deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Paraná ainda está na fase de investigação. No entanto, o Gaeco indica que há fortes indícios de que um esquema criminoso envolvendo vereadores, um funcionário de carreira da Prefeitura de Londrina e empresários estava em pleno andamento numa mão de duplos interesses: pagamento de propinas para viabilizar alterações na lei de zoneamento urbano e permitir a construção de condomínios residenciais em áreas destinadas apenas a indústrias. Os promotores e investigadores do Gaeco apontam que o pagamento de propina variava entre R$ 100 mil e R$ 1,6 milhão. Ao todo, 11 pessoas estão na mira do Gaeco, entre elas o presidente da Câmara Municipal de Londrina, Mário Takahashi (PV ), e o vereador Rony Alves (PTB), que foram afastados preventivamente de suas funções parlamentares por 180 dias. Todos terão de usar tornozeleiras eletrônicas. Frise-se novamente que nenhum dos investigados pode ser declarado culpado até que uma ação seja proposta e a Justiça julgue o caso. Infelizmente, dez anos depois, a Câmara de Vereadores de Londrina volta às manchetes. Como lembrou a FOLHA no último dia 10, completou-se dez anos da série de escândalos dos chamados “batatas podres” em frase imortalizada pelo então vereador Orlando Bonilha, em 2008, numa legislatura farta em denúncias de corrupção por mudanças no zoneamento. E, ao parece, o Gaeco terá muito trabalho pela frente até que nossos agentes públicos trilhem pelo caminho da ética e da moralidade.