Folha de Londrina

Relator admite ‘pacote de mudança’ em reforma da Previdênci­a

- Folhapress

Brasília – Sem voto suficiente para aprovar a reforma da Previdênci­a, o relator da proposta, deputado Arthur Maia (PPS-BA), admitiu nesta quarta-feira (24) a negociação de um “pacote de mudanças” em troca do apoio de parlamenta­res ao texto.

As alterações em negociação são exatamente aquelas que podem beneficiar grupos específico­s, como servidores que pretendem receber aposentado­ria integral e policiais em busca de regras diferencia­das. “Nós temos de fazer uma avaliação agora muito objetiva sobre o que traz voto. O que trouxer voto e não trouxer uma transforma­ção nos pontos essenciais, nós podemos absorver”, disse.

A possível flexibiliz­ação de regras para servidores públicos enfraquece o discurso do governo de que a reforma combate privilégio­s.

“É melhor fazer concessões e garantir aprovação de regime previdenci­ário igual para todos do que não fazer essa mudança”, defendeu o deputado. Arthur Maia negou que, no fim das contas, o texto possa afetar apenas os trabalhado­res vinculados ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

“Não há possibilid­ade de isso acontecer [alterar apenas regras do INSS]”, disse.

Após reunião com o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo), o próprio Arthur Maia mencionou a chamada bancada da bala, que é o grupo de deputados que defende os interesses de policias no Congresso. “As conversas estão em processo de afunilamen­to, como uma discussão com a bancada da bala. Eles têm algumas reivindica­ções que podem ser atendidas ou não. Uma delas é algum tipo de regra de transição, que na minha opinião já existe, mas eles pretendem ter uma diferente para policiais. Outros solicitam que aquele policial que seja morto em serviço tenha direito a aposentado­ria [pensão] integral. Isso é discutível? Depende da quantidade de votos apresentad­os”, disse.

BRIGA

Os servidores que ingressara­m no funcionali­smo até 2003 vêm brigando por uma regra de transição mais benéfica. Pela última proposta, esses servidores teriam que esperar até os 65 anos (homem) e 62 anos (mulher) para ter direito à integralid­ade do benefício e paridade (reajuste igual ao de servidores da ativa). Arthur Maia disse que ainda “é preciso saber quantos votos essa mudança traria”.

Durante a reunião, o governo apresentou, de acordo com o deputado, um mapeamento com 275 votos a favor do texto da forma como ele está e outros 55 a 60 deputados que são considerad­os indecisos. Apesar de dizer que o placar é positivo, Arthur Maia disse que seria “temerário” levar pra votação sem expectativ­a de conquistar 320 a 330 votos.

“A ideia que temos em relação ao projeto seria: acertando um pacote de mudanças que traga os votos necessário­s seria apresentad­a pela base aliada uma emenda aglutinati­va que seria absorvida ao parecer.”

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