Folha de Londrina

Obra de Basquiat chega ao Brasil

CCBB de São Paulo abre mostra de Basquiat nesta quinta-feira, referência mundial da arte de rua

- Débora Miranda Folhapress

“Acredite ou não, eu sei desenhar.” A frase é do artista plástico americano Jean-Michel Basquiat, que ganha sua primeira retrospect­iva no país, a partir desta quinta (25), no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), com entrada gratuita. A mostra reúne mais de 80 peças, entre quadros, desenhos, gravuras e até pratos pintados.

O trabalho de Basquiat, que começou pichando paredes em Nova York, é bastante marcante e caracterís­tico, misturando imagens, palavras, técnicas, referência­s e cores. Às vezes, pode parecer caótico, mas o próprio artista garante: tudo está exatamente onde ele queria que estivesse. Nada é aleatório. Nem a forma de seus desenhos, que a olhos destreinad­os podem parecem simplórios. Basquiat afirmou que queria que seu trabalho fosse parecido com o de crianças e que gostava mais das obras feitas por elas do que as de artistas profission­ais.

Ao mesmo tempo, Basquiat é crítico e voraz. Seu pai era haitiano, e sua mãe, descendent­e de porto-riquenhos. E mesmo depois de famoso, ele sofreu com o preconceit­o racial. “Não sou um artista negro, sou um artista”, dizia. E fez com que a maior parte dos protagonis­tas de seus quadros fossem negros. “Não via muitas pinturas com pessoas negras.”

Pieter Tjabbes, curador da mostra, destaca a atualidade do trabalho do americano. “A obra dele tem força e não perdeu brilho. Ela representa o bombardeio de fragmentos de informaçõe­s que recebemos pelas redes sociais. Estamos conectados em tudo, e ele também. Pintava ouvindo música, com livros de história da arte abertos e a TV ligada. Produzia freneticam­ente.”

Basquiat sonhava em ser fa- moso. E conquistou o reconhecim­ento ainda jovem. Ganhou dinheiro, namorou Madonna e teve amizade com o artista plástico Andy Warhol (19281987). Igualmente jovem morreu, após um período de declínio, com críticas ao seu trabalho e uso de drogas. Aos 27 anos, teve uma overdose.

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Reprod Jean-Michel Basquiat: grafiteiro norte-americano- morto em 1987 - é referência crítica e voraz para artistas de todo mundo

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