Artista começou como pichador e buscava fama
Quando saiu definitivamente de casa, aos 17 anos, depois de várias fugas temporárias, Jean-Michel Basquiat estava disposto a tudo. Foi viver no Washington Square Park, em Nova York, e vendia camisetas e cartões-postais em que desenhava. “Achei que ficaria assim a vida toda.” Ao mesmo tempo, seu grande sonho era ser famoso. “Quando eu tinha 17 anos, achei que poderia ser uma estrela. Pensava nos meus heróis, Charlie Parker, Jimi Hendrix... Tinha uma visão romântica sobre como essas pessoas se tornaram famosas.”
Na Nova York dos anos 1980, lotada de grafites, Basquiat começou a pichar paredes, e sua frases cheias de significado chamaram a atenção do mundo da arte. “Ele não se via como grafiteiro”, diz Pieter Tjabbes, curador da mostra do CCBB. Mas os traços do grafite continuaram presentes em sua obra. “Os anos 1970 e 1980 foram a época da arte conceitual, do pop arte e do minimalismo. A obra não revelava a emoção do artista. Com a nova geração, da qual Basquiat fazia parte, houve uma inversão disso. O mundo estava pronto para algo novo, e os artistas são sempre os primeiros a perceber”, diz o curador.
Tudo isso é perceptível nas obras de Basquiat selecionadas para a exposição. As pinceladas cheias de sentimento, o estilo rabiscado do hip-hop, a falta de formalismo e a verborragia. Basquiat escreve muito nos quadros, às vezes rasura as palavras. Diz que assim as pessoas têm mais vontade de saber o que está escrito ali.
Com originalidade e vontade própria, encantou o mundo. E, sim, ficou famoso e ganhou dinheiro, como sonhava. Tanto que comprava caríssimos ternos Armani para pintar.
(D.M.)