LIQUIDEZ
Boa rentabilidade faz aumentar volume de operações em FDIC no País apesar de risco também alto pela aquisição de direitos sobre valores a receber de empresas
Cresce volume de operações em Fundo de Investimentos em Direito Creditório, modalidade de rentabilidade atrativa indicada para quem tem apetite por risco
Ter bons rendimentos com a renda fixa ficou mais difícil quando considerado que a taxa básica de juros, a Selic, está no patamar mais baixo da história. Há, porém, opções que pagam até mais do que 120% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e se diferenciam de outras aplicações com remuneração pré-determinada. É o caso do FDIC (Fundo de Investimentos em Direito Creditório), que é indicado para quem tem apetite por risco por não ter, nem mesmo, cobertura pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) e que teve alta de 225% no volume de operação no ano passado ante a de 2016, segundo o Boletim de Fundos de Investimentos de janeiro da Ambima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Um FDIC funciona como um condomínio de crédito, que forma capital pela venda de participações a investidores qualificados ou a corretoras. Cada parte custa no mínimo R$ 25 mil e há divisão entre as cotas seniores, que são as com preferência de remuneração, e as subordinadas, que tendem a ser de propriedade da administradora do fundo porque recebem somente depois de pago aos seniores, como forma de proteção para a aplicação.
Do capital de um FDIC, 50% são destinados à compra de direitos creditórios de empresas, que são valores a receber, como duplicatas, cheques, contratos de aluguel, entre outros. Assim, o empresário antecipa o recurso, com juros, e as parcelas pagas mensalmente passam a compor a remuneração dos cotistas.
O RISCO
É nesse ponto que entra o risco. O fundo assume o risco de inadimplência em um débito, por exemplo, o que reduz o rendimento do FDIC naquele mês. A perda pode ser absorvida pelas cotas subordinadas, e se essas representarem 20% do total e o calote for maior, a remuneração dos seniores acaba corroída, ainda que em menor percentual.
Por isso, consultores financeiros sugerem uma análise profunda sobre a natureza do fundo e a forma como é gerido, o que já é feito, o controle de riscos e a diversificação de empresas e setores que compõem as transações. “Trabalhamos junto a uma plataforma de investimentos que tem várias cotas de FDICs e a diversificação já ocorre porque há essa composição”, diz Alexandre Mantovani, sócio da Real Investor Gestão de Recursos, em Londrina.
Ele diz que, caso um fundo trabalhe com 20 mil tipos de recursos sacados, por exemplo, já existe uma boa diversificação. “Mas pode ocorrer de o rendimento cair em um mês pela metade, por conta da inadimplência”, diz. Mesmo assim, vê a rentabilidade como atrativo ao destacar que um Fundo DI paga de 100 a 105% do CDI, rendas fixas mais sofisticadas variam de 105% a 115%, e os FDICs ultrapassam os 120%.
O consultor financeiro Gabriel Vansolini, da XP Investimentos em Londrina, afirma que os fundos costumam ter capacidade de recebimento porque trabalham com margens além das oferecidas aos cotistas, bem como tendem a usar somente 50% do capital para emissão de direitos creditórios. “Existe risco de crédito, de mercado, de liquidez, mas é uma alternativa interessante para compor uma carteira. Só não se coloca 50% do patrimônio em FDICs”, cita.
Vansolini lembra que a liquidez não é imediata nesse tipo de investimento e depende de datas de amortização definidas ou da negociação no mercado secundário. Porém, vê como uma boa opção para 2018. Tanto que, conforme a Anbima, o número de fundos nacionais dessa modalidade foi de 384 em 2012 para 551 em 2016, enquanto o patrimônio líquido foi de R$ 68 bilhões para R$ 85 bilhões no mesmo comparativo. “Com a queda da Selic, os investidores buscam aplicações que rentabilizem melhor e vejo chance dos FDICs serem uma indústria em expansão”, completa.
Com a queda da Selic, os investidores buscam aplicações que rentabilizem melhor e vejo chance dos FDICs serem uma indústria em expansão”