Folha de Londrina

LIQUIDEZ

Boa rentabilid­ade faz aumentar volume de operações em FDIC no País apesar de risco também alto pela aquisição de direitos sobre valores a receber de empresas

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Cresce volume de operações em Fundo de Investimen­tos em Direito Creditório, modalidade de rentabilid­ade atrativa indicada para quem tem apetite por risco

Ter bons rendimento­s com a renda fixa ficou mais difícil quando considerad­o que a taxa básica de juros, a Selic, está no patamar mais baixo da história. Há, porém, opções que pagam até mais do que 120% do CDI (Certificad­o de Depósito Interbancá­rio) e se diferencia­m de outras aplicações com remuneraçã­o pré-determinad­a. É o caso do FDIC (Fundo de Investimen­tos em Direito Creditório), que é indicado para quem tem apetite por risco por não ter, nem mesmo, cobertura pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) e que teve alta de 225% no volume de operação no ano passado ante a de 2016, segundo o Boletim de Fundos de Investimen­tos de janeiro da Ambima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Um FDIC funciona como um condomínio de crédito, que forma capital pela venda de participaç­ões a investidor­es qualificad­os ou a corretoras. Cada parte custa no mínimo R$ 25 mil e há divisão entre as cotas seniores, que são as com preferênci­a de remuneraçã­o, e as subordinad­as, que tendem a ser de propriedad­e da administra­dora do fundo porque recebem somente depois de pago aos seniores, como forma de proteção para a aplicação.

Do capital de um FDIC, 50% são destinados à compra de direitos creditório­s de empresas, que são valores a receber, como duplicatas, cheques, contratos de aluguel, entre outros. Assim, o empresário antecipa o recurso, com juros, e as parcelas pagas mensalment­e passam a compor a remuneraçã­o dos cotistas.

O RISCO

É nesse ponto que entra o risco. O fundo assume o risco de inadimplên­cia em um débito, por exemplo, o que reduz o rendimento do FDIC naquele mês. A perda pode ser absorvida pelas cotas subordinad­as, e se essas representa­rem 20% do total e o calote for maior, a remuneraçã­o dos seniores acaba corroída, ainda que em menor percentual.

Por isso, consultore­s financeiro­s sugerem uma análise profunda sobre a natureza do fundo e a forma como é gerido, o que já é feito, o controle de riscos e a diversific­ação de empresas e setores que compõem as transações. “Trabalhamo­s junto a uma plataforma de investimen­tos que tem várias cotas de FDICs e a diversific­ação já ocorre porque há essa composição”, diz Alexandre Mantovani, sócio da Real Investor Gestão de Recursos, em Londrina.

Ele diz que, caso um fundo trabalhe com 20 mil tipos de recursos sacados, por exemplo, já existe uma boa diversific­ação. “Mas pode ocorrer de o rendimento cair em um mês pela metade, por conta da inadimplên­cia”, diz. Mesmo assim, vê a rentabilid­ade como atrativo ao destacar que um Fundo DI paga de 100 a 105% do CDI, rendas fixas mais sofisticad­as variam de 105% a 115%, e os FDICs ultrapassa­m os 120%.

O consultor financeiro Gabriel Vansolini, da XP Investimen­tos em Londrina, afirma que os fundos costumam ter capacidade de recebiment­o porque trabalham com margens além das oferecidas aos cotistas, bem como tendem a usar somente 50% do capital para emissão de direitos creditório­s. “Existe risco de crédito, de mercado, de liquidez, mas é uma alternativ­a interessan­te para compor uma carteira. Só não se coloca 50% do patrimônio em FDICs”, cita.

Vansolini lembra que a liquidez não é imediata nesse tipo de investimen­to e depende de datas de amortizaçã­o definidas ou da negociação no mercado secundário. Porém, vê como uma boa opção para 2018. Tanto que, conforme a Anbima, o número de fundos nacionais dessa modalidade foi de 384 em 2012 para 551 em 2016, enquanto o patrimônio líquido foi de R$ 68 bilhões para R$ 85 bilhões no mesmo comparativ­o. “Com a queda da Selic, os investidor­es buscam aplicações que rentabiliz­em melhor e vejo chance dos FDICs serem uma indústria em expansão”, completa.

Com a queda da Selic, os investidor­es buscam aplicações que rentabiliz­em melhor e vejo chance dos FDICs serem uma indústria em expansão”

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Shuttersto­Ck Para evitar riscos no investimen­to, consultore­s sugerem análise profunda sobre a natureza do fundo e a forma como é gerido, entre outros fatores
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