RETOMADA -
O Cine Teatro Padre José Zanelli, um dos poucos do país administrados pelo município, voltará a funcionar com tecnologia 3D
Espaços públicos para exibição de filmes são raros. Em Ibiporã, o Cine Teatro Padre José Zanelli vai voltar a exibir longas após dois anos. Momento aguardado com ansiedade por funcionários como o operador técnico Antônio Moya, que trabalha no local há quase três décadas
Com a expansão das grandes redes de cinemas pelo Brasil, os espaços públicos que exibem filmes foram diminuindo ou até mesmo extintos ao longo dos anos. Na Região Metropolitana de Londrina, que engloba 17 municípios, Ibiporã é a única cidade que conta com este tipo de local. É o Cine Teatro Padre José Zanelli, que após permanecer pouco mais de dois anos fechado voltará a exibir longas entre janeiro e fevereiro de 2018.
As telonas do cinema não exibem títulos cinematográficos desde novembro de 2015, quando foi entregue o equipamento de projeção em três dimensões. Na época, a justificativa seria a necessidade de realização de processo licitatório para adequações da estrutura e equipamentos. Além disso, era preciso a parceria com uma associação, para se responsabilizar pela gestão dos filmes. Isso ocorreu no final de 2017, quando a Apasi (Associação de Pais e Amigos dos Surdos de Ibiporã) venceu uma concorrência pública aberta pela prefeitura.
Segundo o secretário municipal de Cultura e Turismo de Ibiporã, Agnaldo Adélio, a entidade apresentou o menor valor de ingresso que poderá ser cobrado, no total de R$ 18. “Não tínhamos como fazer a negociação para contratação dos filmes de forma direta com as companhias, nem fazer o controle do borderô, por ser um órgão público. Com essas questões, optou-se por realizar a cessão do cinema. Assim, a associação fará a coleta do dinheiro e venda dos ingressos, explicou.
O termo de permissão com a entidade da cidade, que não possui fins lucrativos, terá vigência de doze meses, podendo ser prorrogado ou até mesmo aditivado. Não foram estabelecidos valores, já que parte do que for arrecadado será destinado para manutenção do cinema e o restante será dividido entre a Apasi e companhias de filmes.
Em dezembro, foi iniciado o processo de cadastro da instituição e do Cine Teatro Padre José Zanelli junto à Ancine (Agência Nacional do Cinema), o que leva cerca de 40 dias. Com a finalização desta etapa, será possível entrar em contato de forma direta com as distribuidoras de filmes, ingressando assim no circuito mundial e nacional para trazer os lançamentos para a cidade, como acontece com as grandes redes.
“A quantidade de filmes que estarão à disposição dependerá da demanda e do público. Se pensar em um cinema de shopping, ele terá outras condições para atrair as pessoas. Como nós só temos o Cine Teatro, com no máximo a bomboniere, precisamos verificar como será a aceitação. Não adianta ter três lançamentos, se não tivermos público para absorver isso”, explica.
RETORNO COM QUALIDADE
Adélio também defende a qualidade do cinema do município que, de acordo com ele, não fica distante do que pode ser encontrado em Londrina. “Este retorno é importante por permitir que tenhamos essa atração. É uma oportunidade para as pessoas poderem frequentar um cinema na própria cidade. Temos um espaço ótimo, com equipamentos modernos, tecnologia 3D, som e visual positivos”, ressaltou. A lotação máxima é de 500 pessoas.
Importante fomento cultural, o cinema, no caso de Ibiporã, também será uma forma de transformação social. A renda obtida com as exibições títulos vai ser utilizada pela Apasi para a construção de uma sede própria. Atualmente, ela presta serviços de proteção especial para 49 pessoas com deficiência auditiva e suas famílias. “Será uma oportunidade de promover a inclusão social e também de que mais munícipes conheçam nosso trabalho”, projeta Ivete Pereira Semprebom, coordenadora geral da associação.