Relator critica aliados do governo pela falta de empenho em aprovar a reforma da Previdência.
Ouvido como testemunha pelo Gaeco, ex-prefeito lamentou ainda envolvimento de dois de seus ex-secretários no suposto esquema de corrupção
Oex-prefeito Alexandre Kireeff compareceu na manhã dessa sextafeira (26) ao MP (Ministério Público) para prestar esclarecimentos referentes às investigações da Operação ZR3, deflagrada na quarta-feira (24) pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) para apurar um suposto esquema de corrupção envolvendo vereadores, empresários e agentes públicos que cobrariam propina para facilitar a alteração na lei de zoneamento urbano municipal. Kireeff foi ouvido como testemunha e foi questionado pela promotoria sobre a venda a uma empresa de uma área na zona leste que pertencia à família dele.
A transação imobiliária aconteceu em 2012 e, posteriormente, no local foi construído um condomínio residencial localizado na Gleba Lindóia. “Basicamente o promotor queria saber a respeito de um condomínio feito em 2012 em área que pertencia à minha família, se tinha havido mudança de zoneamento naquela área para poder viabilizar, mas não houve mudança de zoneamento”, explicou o ex-prefeito. Segundo Kireeff, naquela época a instalação de condomínio residencial na região era “perfeitamente legal”. “Os promotores quiseram saber como funciona a mudança de zoneamento, a tramitação do Plano Diretor e o que aconteceu lá naquela área específica em 2012. Foram feitos todos os esclarecimentos.”
Sobre as denúncias envolvendo dois de seus então secretários - Cleuber Moraes Brito (Ambiente) e Ignês Dequech Alvares (Ippul) -, Kireeff disse que não conversou com os dois e não há “a menor possibilidade” de conversa neste momento. “É aqui (MP) que vai ter que resolver. Todo mundo vai ter que se explicar e apresentar os argumentos. Não tem a menor possibilidade de ter diálogo.”
Questionado como chegou aos dois nomes para formar sua equipe de governo, Kireeff contou que Brito, durante o período de transição de governo, foi apresentado como professor da UEL, especializado na área, e técnico no setor e que foi selecionado por suas atribuições técnicas. Já Dequech fez parte da equipe do arquiteto Robson Borba, primeiro presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) na gestão Kireeff, e chegou à presidência do órgão depois que o então secretário de Obras, Sandro Nóbrega, não teria conseguido conciliar as duas funções, de secretário e presidente do instituto.
‘ENVOLVIDOS ATÉ O PESCOÇO’
“As testemunhas que fo- ram ouvidas já acrescentaram e esclareceram fatos referentes à investigação. Aquilo que esperávamos obter e colher com essas inquirições está acontecendo. Ao Kireeff, foram questionados fatos referentes à investigação, alguns esclarecimentos referentes a questões de zoneamento urbano”, disse o coordenador do Gaeco, Jorge Barreto da Costa.
O promotor disse não ter questionado o ex-prefeito sobre a atuação dos dois exsecretários. “O objeto da investigação, até esse momento, não alcançou o tempo em que essas pessoas seriam secretários.” Além de Kireeff, foram ouvidos outros empresários que estão entre as 15 testemunhas arroladas pelo Ministério Público.
De acordo com os depoimentos colhidos até agora, afirmou Costa, todos os fatos levantados no processo foram confirmados. Quanto aos investigados, disse o coordenador do Gaeco, é possível afirmar que “esses agentes públicos que já foram identificados estão, sim, envolvidos até o pescoço”.
As oitivas prosseguem na segunda-feira e o prazo para conclusão das investigações se encerra em 2 de fevereiro. Encerrada esta fase, os laudos serão encaminhados para juízo e, na sequência, será oferecida a denúncia.
Não existe milagre nas contas públicas”