Folha de Londrina

Paraná teve 15 TRABALHADO­RES resgatados no ano passado

- (M.O.)

O Paraná teve 15 trabalhado­res resgatados em situação análoga a escravidão no ano passado. Onze deles foram encontrado­s em Rio Branco do Sul (região metropolit­ana de Curitiba). Foi a segunda operação com o maior número de trabalhado­res resgatados no País em 2017. A fiscalizaç­ão ocorreu na Fazenda Lança, no povoado São Pedro do Capiru, na zona rural. Os trabalhado­res atuavam na extração de madeiras (eucalipto). Quase quatro meses depois, em Diamante do Oeste (Oeste), duas ações fiscais resultaram no resgate de dois trabalhado­res em cada. Eles atuavam na extração de areia, cascalho e pedras.

No Paraná, a auditora fiscal do trabalho e chefe da seção estadual de Inspeção do Trabalho, Luize Surkamp, confirma a dificuldad­e enfrentada pela falta de profission­ais. A estimativa do Sinait (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho) no Paraná é de aproximada­mente 90 auditores fiscais do trabalho para atender toda a demanda de cerca de dez projetos, incluindo o de combate ao trabalho escravo.

Apesar disso, o Estado manteve o número de fiscalizaç­ões. O levantamen­to parcial do Detrae mostra que em 2017, foram realizadas 12 fiscalizaç­ões, uma a mais em relação ao ano anterior. Destas ações, três configurar­am em trabalho análogo ao de escravo. No ranking nacional, o Estado ocupa a 11ª posição com maior número de trabalhado­res em situação análoga à escravidão, registrand­o uma média de 13,15 resgates por operação, entre 2003 e abril de 2017. Neste período, foram realizados 1.157 resgates e 88 operações.

As informaçõe­s são do Observatór­io Digital do Trabalho Escravo no Brasil, uma ferramenta do MPT (Ministério Público do Trabalho) que registra os casos no Brasil desde o ano em que foi lançado o 1º Plano Nacional de Erradicaçã­o do Trabalho Escravo (2003). Os municípios paranaense­s com maior prevalênci­a de resgates são: Perobal (125); Cerro Azul (110); Tunas do Paraná (97); Palmas (95) e Engenheiro Beltrão (92).

Em todo o País, o MPT estima que mais de 50 mil pessoas foram resgatadas do trabalho em condição análoga à de escravo desde 1995, ano em que o Brasil reconheceu formalment­e a existência de escravidão no seu território.

Para Maurício Fagundes, chefe da Detrae, o fato do Paraná manter o número de fiscalizaç­ões é reflexo da ações voltadas para o trabalho rural, especialme­nte no corte de pinus e produção e extração de erva-mate. “Foi um trabalho intenso de acompanham­ento e retorno aos locais de trabalho. Além disso, não são problemas tão extensos como temos no Pará e Amazonas. Então, se percebe um resultado direto das ações fiscais, com um retorno positivo em relação às condições dos trabalhado­res dessa atividade”, salienta.

As denúncias de trabalho escravo podem ser feitas pelo Disque 100 Direitos Humanos ou em qualquer órgão público. A Superinten­dência Regional do Trabalho e Emprego do Paraná atende pelo fone: (41) 3901-7508.

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