Folha de Londrina

Saudosismo e expectativ­a antes da reinaugura­ção

- (P.M.)

“Cinema é cultura e agrega. Por isso, filme para mim somente no cinema”. A frase é do comerciant­e Jaime Jacobowski, 46, que muito além de admirador da sétima arte, é um dos maiores apreciador­es do Cine Teatro Padre José Zanelli, em Ibiporã. O espaço, que deverá voltar a exibir longas nas próximas semanas, foi inaugurado em 1988 e desde esta data tem entre seus mais fiéis espectador­es Jacobowski.

“Lembro que quando inaugurou, as filas eram enormes e chegavam a dobrar a esquina do quarteirão tamanha a novidade. O rapaz que passava os filmes morava no mesmo bairro que eu e vendo que sempre estava lá, me adiantava qual longa ia entrar em cartaz”, relembra. “A diversão em Ibiporã era o cinema. Íamos com os amigos e quando tinha alguma namoradinh­a, o cinema também era lugar para paquerar”, conta.

Por conta da pouca presença do público, em vários momentos da história do Cine Teatro ele chegou a chamar pessoas na rua para irem assistir aos filmes. “Eles só abriam se tivesse, no mínimo, sete pessoas, pois ao contrário não compensava. Tinha vez que era eu e mais dois. Então, para dar ‘quórum’, fazíamos isso”, divertese. Entre os títulos que viu no local e recorda com saudosismo estão as sequências de “Rambo” e “Robin Hood”.

A vontade que o retorno do espaço público seja triunfal e atinja todos é tanta, que Jaime Jacobowski sugeriu um projeto de lei para que crianças de escolas públicas que se destacarem possam ganhar ingressos ou outras vantagens. A expectativ­a é grande para poder levar a filha de seis anos, Lívia, e a esposa Leda. “Quando passamos em frente ao cinema minha filha já olha para mim e avisa que quer ir. Com toda a certeza levarei, pois será uma comodidade e um prazer rever a memória da minha vida e da cidade.”

TÉCNICO E CINÉFILO

O sentimento de ansiedade para ver as projeções cinematogr­áficas novamente na telona do Cine Teatro Padre José Zanelli também faz parte da rotina dos funcionári­os. Operador técnico do cinema, Antônio Moya trabalha no local há 29 anos. “Sou um cinéfilo apaixonado. Antes, era eu quem fazia o contato diretament­e com as companhias de filmes. Como essas empresas focavam muito na renda, acabavam nos deixando de lado. Tinha amizade com os responsáve­is e era isso que ajudava na hora de trazer lançamento­s para cá”, recorda.

Com a experiênci­a de ter lidado com exibições de filmes em uma emissora de televisão durante 23 anos, ele ainda faz uma avaliação sobre o atual momento do cinema. “Antes era um acontecime­nto e acabou se tornando algo comum. Temos filmes que não focam na qualidade, mas somente no grande público. Mas vejo que é uma fase e o bom cinema ainda resiste”, considera. Entre as principais memórias desde que trabalha em Ibiporã estão as sessões com numerosa presença de público. “Na época que exibimos ‘Titanic’ e as primeiras histórias do ‘Rei Leão’ lotava todos os dias os 500 lugares. Ia para casa feliz, porque meu prazer era exibir filmes para um monte de pessoas. Me sentia bem em ver as pessoas saindo alegres.”

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Antônio Moya, técnico do local há 29 anos, aparece entre projetor antigo e o novo: “O bom cinema resiste”

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