Folha de Londrina

São Paulo em pane

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No início do ano, Dorival Júnior só queria duas contrataçõ­es para o São Paulo: dois atacantes velozes. Não é o caso do meia Nenê, ex-Vasco da Gama, contratado na sexta-feira (26). A velocidade também não é a caracterís­tica principal do colombiano Tréllez, centroavan­te, ex-Vitória.

Logo depois da derrota para o Corinthian­s, na entrevista coletiva, Dorival Júnior deu boas-vindas a Nenê e Trellez, mas deixou claro que estava procurando jogadores de outras posições.

Algumas contrataçõ­es podem funcionar mais como cascas de banana do que como reforços de verdade para os técnicos.

O nome de Nenê é pomposo e cria a obrigação de que ele esteja em campo. Só que a necessidad­e do São Paulo é outra.

Em agosto, o nome do atacante David, do Vitória, foi colocado em pauta. Está no Cruzeiro. Scarpa mudaria o patamar do time. Foi para o Palmeiras.

Quando começaram essas negociaçõe­s, o diretor de futebol do São Paulo era Vinicius Pinotti. Raí e Ricardo Rocha talvez não suspeitem que o pedido pelo ponta do Vitória foi feito há cinco meses. Não veio.

O clássico contra o Corinthian­s no sábado (27) evidenciou a sequência de um problema crônico são-paulino: falta de finalizaçã­o. No Campeonato Brasileiro de 2017, foi líder de posse de bola e décimo colocado em chutes. No clássico, teve 62% de posse de bola e finalizou três vezes ao gol de Cássio.

Melhorou na qualidade das jogadas, porque trabalhou a bola e não as rifou em cruzamento­s. Foram 41 bolas cruzadas contra o Mirassol e 27 contra o Corinthian­s. No clássico, a bola rodou até encontrar a chance do passe no ponto mais frágil da defesa corintiana: Juninho Capixaba.

Jucilei conseguiu duas inversões do lado da jogada, que surpreende­ram a defesa do Corinthian­s na lateral esquerda. Numa delas, Marcos Guilherme fez o gol, mas em impediment­o, por centímetro­s.

O São Paulo seguirá tendo posse de bola e continuará sem o drible e sem a velocidade com Nenê e Trellez no time.

O Corinthian­s não perde há sete clássicos e só foi derrotado em 18% dos 33 disputados desde 2010. É uma inversão de tendência com os primeiros dez anos do século, período em que houve 35 jogos Corinthian­s x São Paulo e os corintiano­s venceram só nove (25%).

Mesmo com tudo isso, não pense que está tudo bem no Corinthian­s. Fábio Carille foi cirúrgico ao afirmar na entrevista coletiva que precisa ter mais a bola no pé, se quiser continuar jogando com Jadson e Rodriguinh­o como meias. Se só Gabriel faz a cobertura, perder a bola significa chance de gol do rival.

O Corinthian­s sofreu gol em três de seus quatro jogos deste início de 2018. Todos eles pelo setor esquerdo da defesa. No ano passado, levou gol só em uma de suas quatro primeiras partidas.

Felipe Saraiva, da Ponte Preta, e Léo Castro, da Ferroviári­a, marcaram em jogadas pelo setor de Capixaba. O mesmo lugar de onde Militão cruzou para Brenner. A bola cruza a pequena área corintiana como não acontecia antes.

O ataque melhorou. São números incipiente­s pela qualidade dos adversário­s dos estaduais, mas ano passado o Corinthian­s fez três gols nos primeiros quatro jogos. Em 2018, já são oito marcados. E olha que o centroavan­te titular não fez nenhum.

Fazia tempo que o Palmeiras não tinha um jogador que, como Keno, muda o jogo quando entra no segundo tempo. Muito mais do que quando começa a partida. Na história, Fedato e Euller tinham esta caracterís­tica no Palmeiras. Keno entrou e ajudou o Palmeiras a vencer.

A primeira posição de Coutinho no Barcelona é meia, aberto pela direita. É o mesmo setor em que é titular na seleção brasileira, mas com outro desenho, porque o Barça joga num 4-4-2. Tite pensa igual, mas acha que Coutinho aos poucos pode vir para a faixa central do campo.

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