Folha de Londrina

REFORMA DA PREVIDÊNCI­A

Relator promete anunciar hoje o novo texto da proposta que deve ir à votação na Câmara

- Igor Gadelha (Com Marcelo Osakabe/AE)

Brasília - O relator da reforma da Previdênci­a na Câmara, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), anunciou nesta terça-feira (6), que divulgará na quarta-feira (7), o novo texto da proposta que deve ir à votação no plenário na Casa. Segundo ele, a nova versão trará uma novidade: concessão de pensão integral a viúvas e viúvos de policiais mortos em combate. O parlamenta­r afirmou, porém, que temas em que ainda não há consenso, como transição para servidores públicos e regra para acúmulo de pensão e aposentado­ria dos demais trabalhado­res ficarão de fora desse novo texto, mas que serão tratadas durante a discussão e votação da reforma no plenário.

De acordo com Oliveira Maia, o texto negociado prevê que esposas e maridos de policiais federais, rodoviário­s federais, legislativ­os e civis mortos durante atividade de combate terão direito a receber a pensão com o mesmo valor que seus companheir­os e companheir­as teriam direito de aposentado­ria. O valor do benefício vai depender da data de entrada do policial no serviço público. Viúvas e viúvos de policiais que entraram até 2013 terão direito a receber o valor integral do último contracheq­ue do policiais. Já os que entraram depois de 2013 só terão direito a, no máximo, o teto geral do INSS, atualmente em R$ 5.645,81.

A nova regra, se aprovada, não beneficiar­á agentes penitenciá­rios e policiais militares. Esta última categoria não foi incluída na reforma da Previdênci­a em discussão no Congresso Nacional, assim como integrante­s das três Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutic­a) e bombeiros. Segundo o relator, a inclusão dessa nova regra teve aval do presidente Michel Temer, do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), e deve trazer votos da chamada bancada da segurança pública. “A bancada da bala, que é muito expressiva, muitos deles me pediram. Acho que é um aceno importante”, declarou, evitando estimar um número de votos.

O relator afirmou que a nova versão da PEC da Previdênci­a será divulgada simbolicam­ente por ele nesta quartafeir­a, mas só poderá ser protocolad­a oficialmen­te no dia 19 de fevereiro, quando está marcado o início da discussão da matéria no plenário da Câmara. Segundo ele, como não poderá apresentar, por ser relator, o novo texto será oficialmen­te apresentad­o pelos líderes de partidos da base aliada, capitanead­os pelo líder do governo na Casa, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). De acordo com o deputado baiano, mesmo com as mudanças, a nova versão deve manter em cerca de R$ 600 bilhões a previsão de economia da reforma em dez anos.

REGRAS MANTIDAS

O relator informou que o novo texto vai manter mudanças que já tinham sido acordadas, entre elas, a exclusão de qualquer alteração nas regras para aposentado­ria de trabalhado­res rurais e de concessão do chamado Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiênci­a carentes. Outro ponto que será mantido no novo texto é o tempo mínimo de contribuiç­ão para uma pessoa se aposentar, que ficará em 15 anos, como é hoje. No texto aprovado pela comissão especial em maio do ano passado, esse tempo tinha sido elevado para 25 anos de contribuiç­ão.

VOTAÇÃO NO DIA 20

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou que está mantida a votação da reforma da Previdênci­a no próximo dia 20 e avaliou que, embora não tenha os votos necessário­s hoje, é possível que os tenha depois do Carnaval.

“Vamos trabalhar. A construção da maioria no Brasil é uma construção lenta. A maioria da população ainda não entendeu a reforma do regime geral de Previdênci­a. A reforma para o setor público sim, são mais de 80% de apoio, mas o regime geral ainda não. Isso impacta a opinião dos deputados e dos governador­es”, disse após uma reunião com o prefeito João Doria (PSDB), na sede da prefeitura da capital paulista. Oficialmen­te, Maia veio conhecer o projeto de reforma da Previdênci­a municipal que Doria enviou à Câmara de Vereadores.

“Hoje não tem 308 votos. Agora, o Brasil é um País em que as coisas mudam tão rápido, quem sabe a gente consegue depois do Carnaval, com todo mundo descansand­o um pouquinho, construir a maioria para aprovar aquilo que for possível para a Previdênci­a”, disse, acrescenta­ndo ter certeza de que, caso o tema seja aprovado, o Brasil pode chegar ao final do ano com uma taxa de desemprego abaixo de 9%.

Hoje não tem 308 votos. O Brasil é um País em que as coisas mudam tão rápido, quem sabe a gente consegue depois do Carnaval”

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Wilson Dias/Agência Brasil Segundo o relator, nova versão da PEC será divulgada simbolicam­ente, mas só poderá ser protocolad­a no dia 19 de fevereiro

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