Folha de Londrina

Gepatria questiona modelo de cobrança da taxa de lixo em Londrina

- Guilherme Marconi

O modelo adotado pela Prefeitura de Londrina para efetuar a cobrança da taxa de lixo foi questionad­o pelo Ministério Público (MP) na tarde dessa terça-feira (6). Os promotores do Gepatria (Grupo Especializ­ado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidad­e Administra­tiva), Ricardo Benvenhu e Renato de Lima Castro, ouviram o secretário municipal de Fazenda e Planejamen­to para dar explicaçõe­s sobre a base de cálculo da taxa de lixo em Londrina. O procedimen­to investigat­ivo foi aberto pelo MP (Ministério Público) após a repercussã­o do aumento da tarifa embutida no boleto do IPTU (Imposto Predial e Territoria­l Urbano), que sofreu reajuste significat­ivo em 2018 com a lei que alterou a planta de valores.

A intenção do MP é apurar a publicidad­e das informaçõe­s sobre o custo de manutenção do serviço de coleta, destinação final e tratamento de lixo, estimado em R$ 50,394 milhões. Na planilha enviada pela CMTU ( Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o) - órgão que administra e fiscaliza o serviço -, constam investimen­tos futuros no serviço como a construção de quatro novos PEV (Ponto de Entrega de Voluntária) de R$ 449 mil; investimen­to de R$ 1 milhão em novas tecnologia­s; e construção de usina de logística reversa de R$ 1,2 milhão.

Para Castro, esta previsão de investimen­to futuro fere a Constituiç­ão e não poderia estar prevista no valor do rateio cobrado do contribuin­te. “Esses investimen­tos, embora estejam indiretame­nte conectados com a taxa de lixo, certamente não podem compor a base de cálculo. Para o promotor, a taxa de lixo deve estar vinculada somente ao serviço oferecido. “Pode haver ilicitude de fatos estranhos a base de cálculo”, ressaltou. No entendimen­to do MP, os custos de investimen­tos devem ser excluídos e reduzidos dos valores cobrados dos contribuin­tes. “O que se pretendent­e, ao final da investigaç­ão, é constatar possível irregulari­dade para que a prefeitura modifique a cobrança.”

O MP entende também como arbitrário o modelo adotado pelo município de cobrança que estipulou o valor fixo da tarifa com base na quantidade de dias que o caminhão do lixo passa em determinad­os bairros. No

Nós temos absoluta tranquilid­ade em relação aos dados da planilha”

centro de Londrina e ruas da Gleba Palhano, por exemplo, o valor cobrado de cada imóvel é de R$ 445,00. Nessas localidade­s o lixo é recolhido de segunda à sábado (seis vezes por semana).

OUTRO LADO

Após duas horas reunido com os promotores, o secretário de Fazenda e Planejamen­to, Edson de Souza, rebateu os questionam­entos. Ele defende que os investimen­tos futuros para construção de valas e aquisição de equipament­os podem ser cobrados dos contribuin­tes na taxa de coleta de lixo. “Nós precisamos primeiro dos recursos para depois da ordem de serviço de uma vala, por exemplo.” Para Souza, todos os investimen­tos estão vinculados ao serviço e há legalidade na cobrança. O secretário não descarta que para 2019 o valor da taxa de lixo seja revisado após investimen­tos cobrados em 2018. “Nós temos absoluta tranquilid­ade em relação aos dados da planilha”, completou.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil