Rebeldes sem causa
A forma selvagem como se manifesta a APP-Sindicato – e isso se deu anteontem de novo, impedindo uma sessão legislativa – revela que o governo não está disposto a valer-se dos instrumentos da lei ante o enfrentamento. Tenta o espírito olímpico do “fair play”, quando em ocasiões anteriores a tolerância levou a um ato de invasão, na linguagem companheira uma ocupação, que depois teve de ser reprimida.
Há na consciência do governo que se continuar passivo, com receio naturalmente da reprise do massacre de abril, aquela operação de guerra, feita pela dupla Richa-Franceschini, as provocações em função do ano eleitoral se intensificarão em cima do caso do pessoal provisório e dos seus ganhos rebaixados (a APP não importa que os concursados aceitem o estipêndio, olhados afinal traidores da causa comum) com possível eclosão de greve que no Judiciário será obviamente derrubada e assim por diante.
Se houver greve, indispensável que o governo faça o que nunca fez e nutriu essa arrogância e soberba dos sindicalistas: descontar os dias parados claramente para mostrar disposição no confronto para não torná-lo desigual. Outra questão importante é saber o que a comunidade escolar (o estudante, a família) pensa inclusive com a aflição que atinge a turma do terceirão por causa do vestibular. A rebeldia tem causa, meramente política, embora suas lideranças não transformem essa energia em votos.
O exemplo com as universidades estaduais é bom: não conseguiu o acerto da Meta 4 (embora a maioria o acatasse), no front admistrativo partiu para o judicial, ainda que mantendo espaço para o diálogo. A alegação de autonomia ferida é maliciosa: a gestão desastrosa das unidades é manifesta nos casos pontuais já revelados de ganhos exacerbados muito próximos, em alguns casos, daqueles mordômicos da magistratura. Ademais, em tempo dos celebrados portais de transparência, a caixa preta é inadmissível.