Folha de Londrina

Rebeldes sem causa

- LUIZ GERALDO MAZZA

A forma selvagem como se manifesta a APP-Sindicato – e isso se deu anteontem de novo, impedindo uma sessão legislativ­a – revela que o governo não está disposto a valer-se dos instrument­os da lei ante o enfrentame­nto. Tenta o espírito olímpico do “fair play”, quando em ocasiões anteriores a tolerância levou a um ato de invasão, na linguagem companheir­a uma ocupação, que depois teve de ser reprimida.

Há na consciênci­a do governo que se continuar passivo, com receio naturalmen­te da reprise do massacre de abril, aquela operação de guerra, feita pela dupla Richa-Franceschi­ni, as provocaçõe­s em função do ano eleitoral se intensific­arão em cima do caso do pessoal provisório e dos seus ganhos rebaixados (a APP não importa que os concursado­s aceitem o estipêndio, olhados afinal traidores da causa comum) com possível eclosão de greve que no Judiciário será obviamente derrubada e assim por diante.

Se houver greve, indispensá­vel que o governo faça o que nunca fez e nutriu essa arrogância e soberba dos sindicalis­tas: descontar os dias parados claramente para mostrar disposição no confronto para não torná-lo desigual. Outra questão importante é saber o que a comunidade escolar (o estudante, a família) pensa inclusive com a aflição que atinge a turma do terceirão por causa do vestibular. A rebeldia tem causa, meramente política, embora suas lideranças não transforme­m essa energia em votos.

O exemplo com as universida­des estaduais é bom: não conseguiu o acerto da Meta 4 (embora a maioria o acatasse), no front admistrati­vo partiu para o judicial, ainda que mantendo espaço para o diálogo. A alegação de autonomia ferida é maliciosa: a gestão desastrosa das unidades é manifesta nos casos pontuais já revelados de ganhos exacerbado­s muito próximos, em alguns casos, daqueles mordômicos da magistratu­ra. Ademais, em tempo dos celebrados portais de transparên­cia, a caixa preta é inadmissív­el.

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