Folha de Londrina

Reino Unido comemora centenário do voto feminino

Primeira-ministra Theresa May homenageou militante que morreu em protesto para que mulheres pudessem ir às urnas

- Mundo@folhadelon­drina.com.br France Presse Londres -

O Reino Unido recordou nesta terça-feira (6) as sufragista­s, cuja luta, muito polêmica naquela época, permitiu que as mulheres conquistas­sem o direito ao voto no grande país europeu há exatamente 100 anos.

A primeira-ministra Theresa May - a segunda na história do país, depois de Margaret Thatcher - pronunciou um discurso em Manchester em homenagem às militantes heroicas, como sua líder Emmeline Pankhurst, Emily Davison, que morreu em uma ação de protesto ao jogar-se diante de um cavalo durante o Derby de Epsom de 1913, e aquelas que realizavam greves de fome.

As ativistas se acorrentav­am às vias férreas, quebravam vitrines e sabotavam as linhas de energia elétrica. Chegaram, inclusive, a detonar uma bomba na casa do então ministro das Finanças, Lloyd George. Muitas foram julgadas e condenadas. Com o centenário, uma campanha foi criada para que a ministra do Interior, Amber Rudd, perdoe as mais de mil ativistas que foram presas. “A campanha das militantes foi totalmente essencial para fazer avançar o voto feminino em nosso país”, explicou à AFP Krista Cowman, professora de história da Universida­de Lincoln, no Reino Unido. “Antes disso, houve 50 anos de campanha pacifista que, na realidade, não serviu para nada”. Finalmente, em 6 de fevereiro de 1918, o Parlamento Foi preciso esperar, no entanto, uma década para que as mulheres pudessem votar aos 21 anos, como faziam os homens.

“Aquelas que lutaram para instituir seu direito - meu direito, o direito de todas as mulheres - de votar nas eleições, de serem candidatas e ocupar plenamente seu lugar na vida pública, conseguira­m isto enfrentand­o uma oposição feroz”, afirmou May em seu discurso. “Perseverar­am apesar de todo o perigo e desânimo porque sabiam que sua causa era correta”, completou May, em um apelo a favor da tolerância com as divergênci­as e a luta das minorias. “Apesar de termos muito a comemorar, me preocupa que nosso debate público esteja se tornando agressivo. Que para muitos, discordar é cada vez mais difícil”.

O centenário acontece no momento de outras batalhas, como a discussão sobre a diferença salarial entre homens e mulheres, que provocou um escândalo na BBC britânica, ou a questão dos abusos sexuais, após as revelações sobre o poderoso produtor de cinema americano Harvey Weinstein ou o jantar beneficent­e com empresário­s em Londres durante o qual as recepcioni­stas foram apalpadas, como revelou uma jornalista que trabalhou disfarçada.

A luta das sufragista­s britânicas é provavelme­nte a mais conhecida, mas outras heroínas também lutaram ao redor do mundo, como a uruguaia Paulina Luisi, a brasileira Bertha Lutz ou a mexicana Elvia Carrillo. A Nova Zelândia foi o primeiro país do mundo a aprovar o voto feminino, em 1893, seguida pela Austrália em 1902, Finlândia em 1906 e Noruega em 1913. A União Soviética aprovou a medida em 1917, Alemanha em 1918, Estados Unidos em 1920, o Uruguai em 1927, a Espanha em 1931 e o Brasil em 1932, enquanto a França teve que esperar até 1944 e a Suíça muito mais, até 1971. Atualmente existem restrições em alguns países, como no Golfo.

britânico adotou a “Lei de 1918 sobre a representa­ção popular”, que permitiu a inscrição de oito milhões de mulheres, com mais de 30 anos, no registro eleitoral. Campanha das militantes foi totalmente essencial para fazer avançar o voto feminino em nosso país

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Paul Ellis/AFP Theresa May lembrou que mulheres enfrentara­m oposição feroz, mas perseverar­am porque a causa era correta
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