Folha de Londrina

Justiça britânica mantém ordem de prisão de Assange

- France Presse

Uma juíza britânica negou nesta terça-feira (6) a suspensão da ordem de prisão contra Julian Assange por ter violado os termos de sua liberdade condiciona­l quando se refugiu na embaixada equatorian­a há mais de cinco anos.

“Não estou convencida de que seja preciso retirar a ordem”, afirmou a juíza Emma Arbuthnot, acabando com a possibilid­ade de o fundador do site WikiLeaks poder sair livremente pelas ruas de Londres.

Contudo, a juíza anunciou que voltará a se pronunciar sobre o assunto no dia 13 de fevereiro, desta vez do ponto de vista da utilidade pública. Assange buscou abrigo na embaixada, fugindo de um mandado de prisão europeu, porque a Suécia o reivindica­va como suspeito de crimes sexuais.

A Justiça sueca arquivou a investigaç­ão, mas a polícia britânica ainda queria prendê-lo por violar os termos de sua liberdade condiciona­l.

Diante disso, Assange teme deixar a embaixada, ser detido e acabar extraditad­o para os Estados Unidos para ser julgado por ter divulgado milhares de telegramas confidenci­ais do governo americano.

Na segundafei­ra (5), pareceu abrir-se um caminho para Assange, quando a Alta Corte de Justiça bloqueou a extradição para os Estados Unidos do suposto “hacker” Lauri Love. Seu retorno era pedido por Washington por ter invadido os sistemas de informátic­a da Agência Espacial americana (Nasa), do Pentágono e de outras organizaçõ­es.

Em uma audiência na semana passada, o advogado do fundador do WikiLeaks, Mark Summers, afirmou que o mandado de prisão “perdeu seu propósito e função”, depois que a Justiça sueca desistiu do caso.

Summers considerou que Assange, de 46 anos, esteve vivendo em condições “similares ao encarceram­ento” e que sua “saúde psicológic­a se deteriorou” e “está em perigo”. Já o procurador Aaron Watkins considerou “absurda” a demanda.

No ano passado, o procurador-geral americano, Jeff Sessions, disse que a detenção de Assange era “uma prioridade”.

O pedido do fundador do WikiLeaks surge pouco depois de o Equador lhe conceder cidadania e status diplomátic­o, com a ideia de que a imunidade lhe permitiria deixar a legação. O Reino Unido disse que a medida não alteraria a situação.

“O Equador sabe que a única maneira de resolver esse assunto é que Assange deixe a embaixada para enfrentar a Justiça”, declarou um portavoz do Ministério britânico das Relações Exteriores.

A situação de Assange se transformo­u “em uma pedra no sapato” do Equador, como admitiu o presidente desse país, Lenín Moreno, que herdou o imbróglio de seu antecessor e agora inimigo político Rafael Correa. Moreno tenta buscar soluções para o problema.

Em várias ocasiões, o governo de Quito criticou o hóspede por se envolver nos assuntos de outros países, como no caso da eleição americana de 2016 - durante as quais o WikiLeaks divulgou e-mails compromete­dores de membros da equipe de campanha da então candidata democrata à presidênci­a, Hillary Clinton -, ou na recente crise política na Catalunha, onde se posicionou a favor dos separatist­as.

Assange é visto apenas na sacada da embaixada, seu único lugar para tomar ar fresco, por razões de segurança, e suas aparições públicas se limitam a eventuais videoconfe­rências. Ele costuma receber visitas.

A missão diplomátic­a do Equador fica no bairro nobre de Knightsbri­dge, ao lado da colombiana.

“Nossa opinião profission­al é que seu confinamen­to contínuo é perigoso física e mentalment­e para ele”, disseram ao jornal “The Guardian” dois médicos que o visitaram e o examinaram em outubro passado.

“Nossa avaliação revela que não teve acesso à luz do sol, à ventilação adequada, ou a um espaço externo por mais de cinco anos e meio”, relataram os médicos. Tudo isso “teve um custo físico e psicológic­o consideráv­el”, acrescenta­ram.

Londres - Situação se transformo­u “em pedra no sapato” do Equador, admitiu o presidente Lenín Moreno HÓSPEDE INCÔMODO

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Bem Stansall/AFP Fundador do WikiLeaks está refugiado na embaixada do Equador, em Londres, há mais de cinco anos
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STR/AFP Hualien é um dos locais mais turísticos de Taiwan, por onde passa a ferrovia da costa leste

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