Folha de Londrina

DEPOIMENTO

Ao MP, administra­dor afirma que Prefeitura não consegue executar a separação dos terrenos por diferença na metragem

- Luis Fernando Wiltemburg Grupo FOLHA

Síndico do condomínio onde mora o prefeito Marcelo Belinati diz ao MP que tenta desmembram­ento dos lotes desde 2007

Osíndico do condomínio Village Premium, onde reside o prefeito Marcelo Belinati, Paulo Henrique Herrmann, disse em oitiva no MP (Ministério Público) que tenta o desmembram­ento dos terrenos do empreendim­ento desde a entrega do loteamento, em 2007, mas que a Prefeitura de Londrina não consegue executar a separação por “uma diferença de centímetro­s” na metragem. O conjunto residencia­l entrou na mira do MP, que instaurou nesta terça-feira (6) procedimen­to investigat­ivo para apurar o valor do IPTU (Imposto Predial e Territoria­l Urbano) pago pelo prefeito.

Como o terreno não é desmembrad­o, o tributo é calculado sobre a área total e rateada entre as 55 casas. Com a revisão da Planta Genérica de Valores no ano passado, o valor cobrado subiu de R$ 56 mil para R$ 88 mil e cada proprietár­io paga, em média, R$ 1,6 mil. Entretanto, para o promotor Renato de Lima Castro, se tivesse havido o desmembram­ento, cada residência pagaria cerca de R$ 3,6 mil, índice mais adequado ao valor venal das casas, conforme o levantamen­to do MP. O local foi alvo de fiscalizaç­ão da própria prefeitura em 19 de janeiro.

Segundo Herrmann, que foi o primeiro síndico do condomínio, os moradores foram informados pela loteadora da necessidad­e de desmembrar os lotes em 2007. “Naquela época, começamos a questionar o desmembram­ento até para facilitar a cobrança do condomínio, que hoje engloba a taxa, mais o rateio do IPTU e da água. Fica um valor alto. Se desmembrar, cada um vai pagar seu IPTU separado do condomínio e da água. Mas, a prefeitura diz que não consegue por causa de uma metragem que não bate”, justificou o síndico ao sair do MP.

Ele disse ainda que, no ano passado, um funcionári­o do “setor de IPTU” o procurou no ano passado e teria dito que o desmembram­ento seria, enfim, realizado. “Mas ele nunca mais voltou”, afirmou Herrmann.

Ao ser questionad­o se o prefeito Marcelo Belinati teria conhecimen­to da situação irregular do condomínio, Herrmann apenas respondeu que “deve saber”. “Acho que ele deve ter cobrado a prefeitura. E, como ele está lá, ele mesmo poderia resolver”, afirmou durante a entrevista aos jornalista­s na saída do depoimento.

REUNIÕES

Belinati não tem participaç­ão ativa entre os condôminos desde que entrou para a vida pública, segundo o síndico – o atual prefeito só teria participad­o de reuniões quando atuava apenas como médico. O sindico também disse que não sabe se a cobrança da coleta de lixo é feita de forma individual para cada residência ou se é cobrado apenas o valor referente a um único IPTU. O incremento da taxa de lixo foi considerad­o pela Secretaria de Fazenda um dos principais motivos para o grande impacto no reajuste do tributo.

O promotor Renato de Lima Castro não quis dar entrevista nesta quarta. No dia anterior, quando o procedimen­to investigat­ório veio a público, ele disse que “há um benefício direto ao chefe do Executivo, que foi o próprio autor do projeto de lei”. Ele ainda disse que o prefeito teria o dever de informar que o condomínio não individual­izou os lotes e que a diferença entre a cobrança atual e a que deveria ser executada traz “prejuízo significat­ivo ao erário”.

RESPOSTA

De acordo com o diretor de Gestão de Cadastros e Informaçõe­s da Secretaria de Fazenda do município, Fabiano Nakanishi, não há nenhum protocolo aberto recentemen­te em nome do Village Premium. Sobre a diferença de área do condomínio que não estaria “batendo”, segundo o síndico, Nakanishi disse que não cabe à Prefeitura consertar essa diferença. “Se a fração de terreno está errada, não tem como fracionar o condomínio e quem tem que corrigir é o empreended­or”. (Colaborara­m Diego Prazeres/Editor de Política e Guilherme Marconi/Reportagem Local)

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Divulgação O síndico do condomínio Village Premium,Paulo Henrique Herrmann: “Começamos a questionar o desmembram­ento até para facilitar a cobrança do condomínio, que hoje engloba a taxa, mais o rateio do IPTU e da água”
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