Solidariedade
Estoque reduzido compromete alimentação de prematuros internados na UTI Neonatal
Estoque do Banco de Leite Humano do HU de Londrina está abaixo do ideal. Quantidade é suficiente para apenas três ou quatro dias. Problema pode comprometer alimentação de prematuros. “Eu não me sentiria confortável jogando no ralo”, destaca a doadora Josiane Medina Papst
Em 2014, quando o primeiro filho nasceu, Josiane Medina Papst, 39, procurou o Banco de Leite Humano do Hospital Universitário (HU) de Londrina para pedir ajuda com a amamentação. Com o atendimento e conscientização, a mãe passou a doar o leite em excesso, repetindo o gesto em 2017, com a vinda do segundo filho. Hoje, é a instituição que precisa de ajuda. Com estoque muito abaixo do ideal e demanda aumentando, o fornecimento de leite está comprometido, prejudicando também a alimentação dos prematuros internados na UTI Neonatal.
“Nós precisamos ter um estoque para, no mínimo, 15 dias, mas tem uma demanda muito grande e o nosso leite está dando para apenas três ou quatro dias, é muito risco”, afirma a coordenadora do Banco de Leite Humano do HU, Márcia Benevenuto. Só para o HU são necessários oito litros por dia, mas a equipe também pasteuriza e distribui para o Hospital de Cornélio Procópio, Hospital Evangélico, Maternidade Municipal de Londrina, Hospital Infantil e Hospital do Coração.
A baixa no estoque se deu pela diminuição das doações. Segundo a coordenadora, há uma necessidade de sempre buscar a conscientização da população, pois há periodicidade e rotatividade de mulheres cadastradas. “As mães doam ao longo do ano, mês a mês, e as que tiveram bebê em janeiro não são as mesmas do mês de julho”, explica. Em 2017, a instituição registrou uma média de 170 doadoras por mês. O leite pasteurizado e distribuído pelo Banco beneficiou mais de 4,3 mil bebês no ano.
Nesta estatística está Papst, que com a vinda do segundo filho, em julho de 2017, já doou aproximadamente 60 litros de leite desde agosto. “Eu tenho muito leite, da outra vez (2014) também, o leite empedrou, eu precisei muito do serviço deles. Eu tive o atendimento, que foi fundamental para mim, eu acho que não conseguiria ser doadora se não tivesse aprendido com eles”, considera a mãe.
A docente compreende que a ação é um benefício para ambos os lados, pois com a produção excessiva, retirar o leite é uma necessidade e desprezá-lo seria um desperdício. “Eu não me sentiria confortável jogando no ralo”, argumenta. Reconhecendo a importância do gesto, Papst se sente honrada em poder contribuir com a saúde de outros bebês. “Eles vêm ao mundo e são tão indefesos, o que a gente pode fazer é ajudar a cuidar”, acrescenta.
APOIO
Para facilitar o processo, a equipe do Banco de Leite do HU dá apoio às mães doadoras ensinando, entregando o material e buscando o leite toda semana. “A mulher não precisa sair de casa, ela só precisa estar amamentando, ser saudável e ter leite sobrando. Nem toda mulher tem sobra, mas aquelas que têm precisam tirar e a gente ensina como tira, como armazena, faz o cadastro, deixa o material a passa para buscar”, explica Benevenuto.
Somente no HU há hoje 22 bebês necessitando do serviço, entre eles, os prematuros na UTI Neonatal. “Nenhum leite pode oferecer proteção além do leite humano e, com isso, eles têm uma chance a mais de não ficarem doentes ou não morrerem precocemente pela falta do alimento. Oferecer leite humano, gente para gente, com qualidade certificada, faz toda diferença na vida desses bebês”, finaliza a coordenadora.