Folha de Londrina

Júri do caso Estela Pacheco tem nova data

Julgamento que aconteceri­a no fim deste mês foi remarcado para 22 de março; processo se arrasta por 17 anos

- Fernanda Circhia Viviani Costa Grupo Folha

Ajuíza de Direito substituta Michelle Delezuk, do Tribunal do Júri de Ponta Grossa, remarcou a sessão de julgamento do caso Estela Pacheco para o dia 22 de março. A decisão foi proferida na tarde desta quarta-feira (7) após o júri ter sido adiado pela sétima vez a pedido da defesa do réu, o pecuarista Mauro Janene Costa. Desta vez, o motivo foi um atestado médico apresentad­o pela advogada dele, Gabriela Roberta Silva. O julgamento seria realizado no dia 22 de fevereiro.

Costa é acusado de matar a professora Estela Pacheco, crime ocorrido em outubro de 2000. O corpo da vítima foi encontrado no pátio de um prédio na rua Paranaguá, região central de Londrina. A professora, na época com 35 anos, esteve no apartament­o do pecuarista no 12º andar, de onde teria sido jogada. O inquérito policial concluído em março do ano seguinte apontou Costa como responsáve­l pelo homicídio.

Na decisão desta quartafeir­a, a juíza Delezuk ressalta que “não é razoável adiar o julgamento do réu Mauro Janene por tempo indetermin­ado, já que, não obstante o estado de saúde da sua defensora, trata-se de um feito que se alongou demasiadam­ente, principalm­ente por conta da conduta processual insistente e protelatór­ia da defesa buscando esquivar o réu da aplicação da lei penal”.

A juíza sugere ainda que o réu pode escolher outro profission­al, caso a atual advogada não consiga estar presente na nova data marcada para o julgamento. “Não se trata de tornar o réu indefeso, e sim de possibilit­ar que escolha outro profission­al igualmente competente e confiável para defendê-lo, com plena observânci­a do contraditó­rio e ampla defesa, e ao mesmo tempo garantir que os fatos, que ocorreram há quase 18 anos, sejam finalmente submetidos ao julgamento do Tribunal Popular”.

Por fim, Delezuk conclui que a “eventual insistênci­a na manutenção da advogada temporaria­mente impossibil­itada poderá ser interpreta­da como mais um meio ardiloso de adiar a sessão de julgamento e, por conta disso, em último caso, será nomeado defensor dativo ao réu”.

A jornalista Laila Pacheco Menechino, filha de Estela Pacheco, recebeu a notícia do novo agendament­o durante a tarde desta quarta-feira e ficou aliviada. “Hoje foi um dia de altos e baixos, ou melhor, de baixos e altos”, afirmou. Nesta terça, ela havia sido informada sobre a suspensão do julgamento determinad­a em liminar concedida pelo juiz Naor de Macedo Neto, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Para manter viva a história da mãe e lutar pela realização do júri, Laila criou o movimento chamado “Justiça para Estela”.

O julgamento será realiza- do em Ponta Grossa. O advogado da família, Marcos Ticianelli, está otimista em relação a nova data. “A probabilid­ade do júri não acontecer está cada vez menor. A família espera muito que o judiciário cumpra o seu papel e ao menos consiga submeter o caso ao júri”, comentou.

Para o advogado, a magistrada agiu rapidament­e ao remarcar o julgamento para março. “Desde que o processo foi transferid­o para Ponta Grossa, tanto o Ministério Público quanto a magistratu­ra se mostraram bem firmes para realizar o júri”, ressaltou Ticianelli.

Mauro Janene da Costa responde pelo crime de homicídio simples. Se condenado, a pena varia de 6 a 20 anos de reclusão. A advogada dele, Gabriela Roberta Silva, não foi encontrada para conceder entrevista.

A família espera muito que o judiciário cumpra o seu papel e consiga submeter o caso ao júri”

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Anderson Coelho/21-3-2017 Para manter viva a história da mãe, Laila Menechino criou o movimento chamado “Justiça para Estela”

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