Alta dos juros dos EUA pode frear recuperação brasileira
O professor Pedro Raffy Vartanian, coordenador do curso de mestrado profissional de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, demonstra preocupação com o cenário internacional. Na avaliação dele, o Copom não está olhando para a escalada da inflação americana e possível aumento das taxas de juros.
“A economia americana se recuperou da crise, mas a inflação apresentou um comportamento atípico. O relatório do mercado de trabalho americano aponta que o nível de desemprego, que tinha subido, voltou aos patamares anteriores e as empresas têm dificuldades de contratação por causa dos salários mais altos. Quando o custo do trabalho começa a subir o processo inflacionário fica mais acentuado”, explica o professor.
Ele acredita que com esse cenário o FED (Banco Central americano) deva subir a taxa de juro, em vez de 0,25% em 0,25%, para 0,50% em 0,50%. Essa mudança pode provocar uma fuga de capital dos mercados emergentes para os Estados Unidos e uma queda das bolsas brasileiras e americanas. “Vamos esperar para ver se a ata do Copom traz alguma coisa sobre isso. Mas penso que esse cenário americano não está sendo considerado no nosso cenário para reduzir a Selic. A combinação de fuga de capital e queda generalizada das bolsas pode interromper a nossa recuperação econômica”, avaliou Vartanian. A ata deve ser divulgada na próxima semana.
O Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais) ressaltou que os desdobramentos do quadro político no Brasil serão relevantes para a percepção do investidor externo quanto às perspectivas da economia brasileira, o que trará impactos para a trajetória do risco-país e da taxa de câmbio.
(A.M.P)