Folha de Londrina

Uma nova polêmica envolvendo Temer e a PF

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Adeclaraçã­o do diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, à agência internacio­nal de notícias Reuters foi o estopim para a explosão de uma nova polêmica no mundo político brasileiro. O diretor disse que não há indício de crime e nem de pagamento de propina em inquérito policial em andamento contra o presidente Michel Temer. O presidente é acusado de favorecer uma empresa na prorrogaçã­o de contratos no porto de Santos. O conteúdo da entrevista veio à público no sábado (10) e inicialmen­te a agência informou que Segovia teria sugerido também o arquivamen­to do inquérito, mas a informação foi corrigida depois pela Reuters. Na versão atualizada, a agência colocou que o diretor-geral apenas indicou que a corporação deve recomendar o arquivamen­to do caso. Segundo o chefe da Polícia Federal, até o momento as investigaç­ões não trouxeram provas de que a empresa Rodrimar foi beneficiad­a pelo decreto assinado por Temer mudando as regras de concessão do setor de Portos. Temer foi questionad­o por escrito pelo delegado que preside o inquérito, Cleber Malta Lopes. As 50 perguntas de Lopes foram respondida­s também por escrito. A polêmica, que surgiu em pleno Carnaval, já teve consequênc­ias. Repercutiu muito mal o fato do chefe da PF dar declaraçõe­s sobre um inquérito em andamento e que não é conduzido por ele. Entidades que representa­m os delegados federais cobraram explicaçõe­s, principalm­ente porque Segovia sinalizou que poderia punir Malta Lopes pelo tom das perguntas feitas ao presidente e que teriam desagradad­o Michel Temer. A Ordem dos Advogados do Brasil também se manifestou e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso, cobrou, ainda no sábado, explicaçõe­s de Segovia. Por fim, consequênc­ias também para Temer, que se vê novamente no meio de uma polêmica em que a autonomia da Polícia Federal é colocada em dúvida. É necessário estar atento a sinais de interferên­cia política na condução de qualquer investigaç­ão policial. Isso seria caminhar de maneira oposta aos anseios da população brasileira, que vive um desejo profundo de ética e transparên­cia na política.

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