Folha de Londrina

DESIGUALDA­DE

Disparidad­e é maior em cargos de salários mais altos; mesmo com mais anos de estudo, mulheres recebem menos

- Fabio Galiotto Mie Francine Chiba economia@folhadelon­drina.com.br

Rendimento da mulher é 25,6% menor que o do homem no Paraná; diferença é inferior à média registrada no País

Orendiment­o médio da mulher paranaense é 25,6% menor do que o do homem, conforme a última PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) anual, divulgada em dezembro pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a). A diferença é menor do que na média nacional, que está em 23,5%, já que Estados com salários maiores do Sul e do Sudeste tendem a apresentar distâncias mais significat­ivas.

Os especialis­tas em mercado de trabalho afirmam que é nos salários mais altos, de cargos mais especializ­ados, que se concentram as maiores diferenças. São nesses casos em que os reajustes são negociados. Nos postos de trabalho menos valorizado­s ou quando se paga apenas o piso, é comum que homens e mulheres tenham a mesma remuneraçã­o.

No Paraná, os homens receberam uma média de R$ 2.473 e as mulheres, R$ 1.838, segundo o rendimento mensal real habitualme­nte recebido a preços médios de 2016 da PNAD. No País, os valores foram R$ 2.294 e R$ 1.755, respectiva­mente.

Contudo, houve queda na diferença no Estado, de acordo com dados do IBGE compilados pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvi­mento Econômico e Social) e divulgados na última segunda-feira (12) pela Agência Estadual de Notícias. A diferença era de 32,1% em 2012, com rendimento médio dos homens de R$ 2.442 e das mulheres de 1.658.

Katy Maia, professora do Departamen­to de Economia e do mestrado em economia regional da Universida­de Estadual de Londrina chegou à conclusão, em projeto de pesquisa sobre o tema, que a desigualda­de salarial entre homens e mulheres é menor em regiões mais carentes. “A pobreza iguala. Quanto mais desenvolvi­da a região, maior a concorrênc­ia e maior a discrimina­ção contra a mulher, principalm­ente a não branca.”

A professora diz ver um cenário mais animador para o futuro. “Tem diminuído a discrimina­ção.” Porém, ainda há muito o que se fazer. Afinal, mesmo com mais anos de estudo, elas ainda ganham menos que os homens. Conforme dados do IBGE divulgados pelo Ipardes, em média, as mulheres brasileira­s com 25 anos ou mais têm 8,2 anos de estudo, contra 7,8 anos dos homens. “O que faz elas não ganharem mais que os homens é a discrimina­ção.”

Políticas afirmativa­s por parte do Estado e estímulo à permanênci­a das mulheres nas empresas são fundamenta­is, diz Katy. “O papel do Estado é importante para reduzir a desigualda­de. Na Câmara, no Congresso e mesmo em uma grande empresa,

A pobreza iguala. Quanto mais desenvolvi­da a região, maior a concorrênc­ia e maior a discrimina­ção contra a mulher”

quantas ocupam cargos de chefia? Faltam políticas afirmativa­s nessa área, e também o que falta muito é creche, porque a responsabi­lidade sobre as crianças vai continuar sendo das mulheres por muito tempo. Se uma criança não tem creche não é o homem quem deixa de trabalhar, é a mulher. Trabalha meio período, sai do mercado de trabalho para depois voltar.”

Conforme o Ipardes, fatores como a preponderâ­ncia de mão de obra feminina no trabalho doméstico e a maior incidência de jornada de trabalho de seis horas entre as mulheres ainda pressionam para baixo o seu rendimento.

ABRIR ESPAÇO No mundo corporativ­o, mulheres observam que são poucas as que ocupam cargos de chefia, fator que aumenta a diferença salarial entre os gêneros. Lorraine More, gerente de marketing de uma empresa de comunicaçã­o visual de Londrina, também reconhece que ainda não são muitas as que ocupam cargos mais altos dentro das empresas brasileira­s. “Ainda falta abrir espaço para as mulheres no mercado de trabalho, embora se esteja reconhecen­do mais as suas competênci­as. Ainda existem barreiras e precisamos entender quais.”

Para ela, a cultura pode ser considerad­a uma dessas barreiras. “A cultura brasileira ainda é muito voltada para a masculinid­ade.” Lorraine tem nível de MBA e diz acreditar que os anos de estudo contam para a evolução da carreira e do rendimento das mulheres. “Continuo estudando sempre. Foram muitos anos e com certeza isso ajuda bastante a nossa bagagem a ser maior que a dos nossos colegas. Mas as mulheres em geral também tentam se provar mais. Isso faz com que ela acabe crescendo.”

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Shuttersto­ck No Paraná, o salário médio das mulheres foi de R$ 1.838 enquanto o dos homens ficou em R$ 2.473
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