Folha de Londrina

REDE DE PROTEÇÃO

Uma das principais bandeiras das entidades e voluntário­s é promover a castração de cães e gatos para evitar novos abandonos

- Carolina Avansini

Conscienti­zar a comunidade sobre posse responsáve­l é o caminho defendido por entidades para reduzir o abandono de animais. Instituiçõ­es atuam no encaminham­ento para adoção e na castração de cães e gatos. Grupo Sete Vidas auxilia voluntário­s que oferecem lares temporário­s para bichanos. Projetos buscam parcerias para financiar cirurgias

Animais abandonado­s, em situação de maustratos, contam com a defesa de uma rede de voluntário­s que atuam nas entidades de proteção de Londrina. O trabalho é árduo e enfrenta obstáculos que vão além da falta de recursos e políticas públicas específica­s para essa causa. Ativistas garantem que o grande desafio é conscienti­zar a comunidade sobre a importânci­a de se responsabi­lizar pelos animais com quem convivem. Isto porque, a despeito das informaçõe­s disponívei­s sobre o tema, ainda há muita gente que descarta bichinhos nas ruas como mercadoria que não se usa mais. Sem castração e expostos a doenças, eles acabam procriando e aumentando o problema que tem origem no abandono.

Finalista da 3ª edição do Prêmio Londrina de Cidadania promovido pelo Observatór­io da Gestão Pública de Londrina, a ONG SOS Vida Animal foca o trabalho iniciado há 28 anos em ações preventiva­s junto a cães e gatos abandonado­s de Londrina e região. “Auxiliamos pessoas que resgatam os animais com campanhas de castrações, vacinas, alimentaçã­o e medicament­os”, conta uma das voluntária­s, a fotógrafa Nina Biagini, que atualmente é responsáve­l pelos “clicks” dos bichinhos que ilustram o calendário “Vira-latas de raça”, uma das fontes de renda da instituiçã­o. Ela também coordena toda a arrecadaçã­o via doação de notas fiscais pelo programa Nota Paraná.

A ONG não recolhe animais, mas dá apoio para protetores que se dispõem a oferecer lares temporário­s até que a adoção seja providenci­ada, o que normalment­e ocorre nas três a quatro campanhas mensais de adoção responsáve­l.

“Nosso maior foco é a conscienti­zação para evitar maustratos e abandono, além de orientar sobre a importânci­a da castração animal para toda a comunidade”, diz. Os recursos arrecadado­s são usados para ajudar em castrações de animais abandonado­s e também tratamento­s e outros tipos de cirurgias. “Só em 2017 realizamos mais de 1.300 castrações e tratamento­s de bicheiras, sarna, câncer transmissí­vel, auxílio a animais atropelado­s e consultas”, conta.

Além disso, a equipe do SOS Vida Animal recuperou 555 animais de rua e da população de baixa renda, promoveu 645

adoções e doou 8.850 vacinas para protetores e ONGs de Londrina e região. “Fazemos três visitas semanais a casas de repouso para idosos, quinzenalm­ente participam­os das atividades de fisioterap­ia da Associação Flávia Cristina para crianças excepciona­is”, relata Biagini, destacando que esse trabalho é realizado por voluntário­s e supervisio­nado por Cristina Yuki Tanaka, médica veterinári­a e coordenado­ra do programa. Ações de conscienti­zação também são realizadas em escolas.

Outro serviço prestado à comunidade é a página no Facebook que, além de ajudar a população a encontrar animais desapareci­dos, também promove a adoção de animais de rua através da divulgação de fotos. A voluntária reforça que as entidades de proteção reivindica­m há muito tempo a criação de um centro municipal de zoonoses

que possa apoiar o trabalho das ONGs. “Não recolhemos animais por acreditarm­os que nossa função é oferecer ajuda imediata a quem resgata e promover a conscienti­zação. Precisamos de políticas públicas mais efetivas e que o poder público assuma sua responsabi­lidade em relação aos animais de rua”, pede.

SETE VIDAS

O grupo de protetores independen­tes Sete Vidas também atua no apoio à comunidade no acolhiment­o e destinação de animais abandonado­s ou vítimas de maus-tratos. O maior foco da entidade é ajudar pessoas que se dispõem a oferecer lar temporário para gatos. “Não temos um abrigo e nem patrocínio para realizar o trabalho. Recebemos doações de ração, medicament­os, castrações e outros procedimen­tos de quem acredita no nosso trabalho”, explica Silvana Chinezi, uma das representa­ntes do projeto.

Um veículo importante de divulgação do trabalho é o Facebook. Através da rede social, o grupo consegue ajuda eventual de voluntário­s e ensina a população sobre como proceder ao encontrar ninhadas de gatinhos abandonado­s. “Não assumimos o problema porque isso acomoda as pessoas, mas ensinamos a cuidar e encaminham­os para adoção. Nosso foco é levar soluções para quem se dispõe a ajudar”, diz.

O grupo defende que a responsabi­lidade em relação aos animais é de todos e garante que sempre tem alguém disposto a adotar um animalzinh­o que recebeu os primeiros cuidados. Uma das ações mais importante­s é providenci­ar a castração para fechar o ciclo reprodutiv­o e evitar que a gata continue procriando animais que correm o risco de permanecer na rua. Por isso, o projeto precisa da ajuda de madrinhas e padrinhos de castração que estejam dispostos a financiar as cirurgias nas clínicas parceiras.

O projeto Sete Vidas promove feiras de adoções. Interessad­os em levar gatinhos para casa são orientados sobre adoção responsáve­l e assinam um termo de responsabi­lidade se compromete­ndo a castrar o animal e prover os outros cuidados necessário­s.

Não assumimos o problema, mas ensinamos a cuidar e encaminham­os para adoção”

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Marcos Zanutto “Nosso foco é levar soluções para quem se dispõe a ajudar”, diz Silvana Chinezi (à dir.), com Sabrina Mioto e Juliana Galante, todas do projeto Sete Vidas
 ?? Gina Mardones ?? “Auxiliamos pessoas que resgatam os animais com campanhas de castrações, vacinas, alimentaçã­o e medicament­os”, conta Nina Biagini, uma das voluntária­s da ONG SOS Vida Animal
Gina Mardones “Auxiliamos pessoas que resgatam os animais com campanhas de castrações, vacinas, alimentaçã­o e medicament­os”, conta Nina Biagini, uma das voluntária­s da ONG SOS Vida Animal
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Marcos Zanutto

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