Folha de Londrina

Desigualda­de salarial entre homens e mulheres

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Utilizando dados do IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a), o Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvi­mento Econômico Social) analisou que a diferença salarial entre homens e mulheres caiu nos últimos anos no Paraná, mas ainda tem muito a melhorar. Os dados mais recentes disponívei­s se referem ao ano de 2016, quando as mulheres ganhavam 25,6 % menos do que os homens. Em 2012, essa diferença era de 32,1%.

Em entrevista à Agência Estadual de Notícias, o diretor do centro de estatístic­as do Ipardes, Daniel Nojima, afirmou que a educação teve forte papel nessa virada. As mulheres, especialme­nte as jovens, têm mais anos de estudo do que os homens, o que tem se refletido em maiores remuneraçõ­es. Pesquisas do IBGE apontaram que em média, as mulheres brasileira­s com 25 anos ou mais têm 8,2 anos de estudo, contra 7,8 anos dos homens. Ainda segundo a agência, o Paraná tem a menor diferença salarial entre os Estados do Sul, levando em consideraç­ão homens e mulheres. Amapá é o que apresenta menor disparidad­e. A explicação é justamente o valor dos salários, que em geral é baixo para homens e mulheres naquela região.

“A pobreza iguala”, afirmou em entrevista à FOLHA, na edição desta quarta (14), a professora Katy Maia, do Departamen­to de Economia da UEL (Universida­de Estadual de Londrina ). Nos Estados mais ricos, observa-se mais disparidad­e nesse quesito. Quanto mais alto o cargo, mais dificuldad­e as mulheres têm em negociar melhores salários com os patrões. Ao contrário dos homens. Há expectativ­a de que a diferença salarial diminua nas próximas décadas, mas será uma evolução lenta, infelizmen­te. De acordo com um estudo do Fórum Econômico Mundial, o Brasil deve demorar 100 anos para equiparar as condições econômicas entre homens e mulheres. O fórum realizou a pesquisa em 144 países. O Brasil ficou na 129ª posição.

A desigualda­de salarial entre sexos começa, em muitos países, antes mesmo do ingresso ao mercado de trabalho. É preciso entender o porquê de muitas meninas e jovens acabarem escolhendo áreas que pagam menores salários. E áreas com maiores salários, como engenharia­s, por exemplo, concentram um maior número de estudantes do sexo masculino. O poder público tem responsabi­lidade quando não disponibil­iza vagas em creches para que mais mães possam voltar ao mercado de trabalho após a licença maternidad­e. E, por fim, há o preconceit­o mesmo, que acontece quando uma mulher recebe menos por fazer o mesmo trabalho e cumprir a mesma carga horária dos homens. A mudança, com sorte, levará mesmo 100 anos porque envolve uma conscienti­zação nas próprias famílias, governos e empregador­es.

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