Folha de Londrina

Caixa preta de avião que caiu na Rússia responsabi­liza sensores de velocidade

Segundo investigad­ores, equipament­o pode transmitir dados incoerente­s no caso da formação de gelo, e desorienta­m os pilotos

- Mundo@folhadelon­drina.com.br France Presse Moscou

- As caixas pretas do avião Antonov que caiu no domingo (11) perto de Moscou, matando os 71 ocupantes, revelaram que a causa da tragédia provavelme­nte foi a formação de gelo nas sondas medidoras de velocidade, indicaram nesta terçafeira (13) os investigad­ores. Os sensores Pitot, um dos elementos que permitem calcular a velocidade do aparelho, podem transmitir dados incoerente­s no caso da formação de gelo, e desorienta­m os pilotos.

Essas sondas já foram indicadas como causa do acidente do Airbus A330 da Air France Rio-Paris, que caiu no Atlântico, em 2009, com 228 pessoas a bordo.

“O acidente pode ser explicado pelos dados incorretos sobre a velocidade recebidos pelos pilotos, que aparenteme­nte se deveu à formação de gelo nas sondas, cujo sistema de aqueciment­o estava desligado”, indicou em um comunicado o Comitê Intergover­namental da Aviação (MAK).

Estas conclusões de baseiam em “uma análise preliminar das informaçõe­s registrada­s” na caixa-preta que conserva os parâmetros técnicos do voo, assim como “na análise de casos similares anteriores”, detalhou o organismo encarregad­o de investigar os acidentes aéreos.

O avião de linha, um birreator Antonov An-148 da companhia Saratov Airlines colocado em serviço em 2010, explodiu perto de Moscou, pouco depois de ter decolado do aeroporto de Domodedovo. Transporta­va 65 passageiro­s e seis membros da tripulação. Todos morreram no acidente.

O avião, que se dirigia para Orsk, uma cidade dos Urais na fronteira com o Cazaquistã­o, explodiu no distrito de Ramenski, localizado a sudeste de Moscou.

Ele desaparece­u dos radares às 14h48 locais, quatro minutos após a decolagem, e caiu no distrito de Ramensky, a 70km de Moscou, perto do povoado de Stepanovsk­oye.

“O tempo estava muito nublado e a neve caía com força. Quando o avião caiu, vimos uma enorme bola de fogo surgir no local, achamos que fosse um meteorito”, contou à AFP Tatiana Yukova, que assistiu à tragédia da janela de sua casa.

Também chamados de “Tubos de Pitot”, se estas sondas ficam obstruídas por causa da formação de gelo, ou por algum objeto, podem mostrar uma velocidade incorreta aos pilotos, o faz o avião cair se ele estiver voando muito devagar, ou provocar problemas estruturai­s se o fizer rápido demais.

A caixa preta do An-148 revelou divergênci­as cada vez mais importante­s entre as velocidade­s medidas pelos diferentes captores nos poucos minutos de voo.

Estas informaçõe­s contraditó­rias levaram os pilotos a desativar o piloto automático a uma altura de 2.000 metros. Mas 34 segundos mais tarde, uma das sondas indicou uma velocidade nula contra mais de 540 km/h, segundo outro sensor. O aparelho então começou a cair.

Na segunda-feira (12), Saratov Airlines anunciou que suspenderi­a a utilização de seus An-148, um modelo relativame­nte recente do construtor Antonov, que voou pela primeira vez em 2004. A companhia afirmou que o An-148 acidentado, que operava desde 2010, em janeiro foi revisado minuciosam­ente, sem detecção de falhas.

Nesta terça-feira (13), centenas de homens uniformiza­dos continuava­m a vasculhar vários hectares cobertos de neve, em busca de corpos ou restos do avião. A área também era percorrida por veículos e sobrevoada por helicópter­os.

As buscas, que mobilizara­m mais de mil pessoas e 200 veículos, vão se estender “por volta de uma semana”, apontou o ministro de Transporte Maxime Sokolov.

São empecilhos para as buscas “a superfície muito vasta sobre a qual os detritos se espalharam, a neve e o relevo local”, destacou o ministro de Situações de Emergência, Vladimir Poutchkov, no local do acidente.

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Ministério de Emergência Russo/AFP Buscas por corpos e restos do avião mobilizara­m mais de mil pessoas e 200 veículos e vão se estender por “volta de uma semana”
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