Folha de Londrina

Israel revela plano de anexar assentamen­tos

- Daniela Kresch Folhapress

- Um comentário feito nesta segunda-feira (12) pelo premiê israelense, Benjamin Netanyahu, expôs rixas antes invisíveis entre ele e o presidente americano, Donald Trump. Em reunião com líderes de seu partido, o conservado­r Likud, Netanyahu revelou estar coordenand­o, com o governo americano, uma possível anexação de assentamen­tos israelense­s da Cisjordâni­a, território ocupado por Israel na Guerra dos Seis Dias (1967).

“Sobre o tema da aplicação da soberania, posso dizer que tenho conversado com os americanos sobre isso há algum tempo”, disse Netanyahu. “Estamos coordenand­o com os americanos porque, primeiro, a conexão com eles é estratégic­a para o Estado de Israel e para os assentamen­tos. E, segundo, é preciso ser uma iniciativa do governo e não uma privada, já que é uma medida histórica.”

O comentário levou a uma rápida onda de reações negativas entre os palestinos: “Qualquer movimento unilateral no contexto da imposição do controle israelense sobre os assentamen­tos não mudará a realidade de que os assentamen­tos são ilegais e tais medidas só levarão a um aumento de tensão”, disse Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas.

“A anexação de terras palestinas por parte de Israel significar­ia a negação dos direitos inalienáve­is do povo palestino à autodeterm­inação e independên­cia”, reagiu o negociador de paz palestino, Saeb Erekat.

Pouco depois das palavras do premiê, no entanto, a Casa Branca negou qualquer tipo de coordenaçã­o: “Os relatos de que os EUA discutiram com Israel um plano de anexação para a Cisjordâni­a são falsos”, disse o porta-voz, Josh Raffel. “Os EUA e Israel nunca discutiram essa proposta, e o foco do presidente permanece em sua iniciativa de paz israelo-palestina.”

Pressionad­o, o premiê israelense teve de divulgar um raro comunicado oficial na tentativa de explicar o disse-medisse: “O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu atualizou os americanos sobre as iniciativa­s criadas no Knesset [Parlamento israelense], e os americanos expressara­m sua posição inequívoca de que estão empenhados em promover o plano de paz do presidente Trump”.

Trata-se da primeira grande crise entre Netanyahu e Trump, que pareciam desfrutar de uma lua de mel desde a posse do americano, em janeiro de 2017 -e que teve como ponto alto o reconhecim­ento de Washington a Jerusalém como capital de Israel.

Na sexta (9), Trump deu uma entrevista o jornal próNetanya­hu “Israel Hoje” na qual afirmou que os palestinos “não estão em busca de fazer paz, neste momento”.

Mas também disse não estar “necessaria­mente certo” de que Israel esteja genuinamen­te procurando um acordo de paz. Trump afirmou

Tel Aviv que os assentamen­tos “são algo que complicam muito e sempre complicara­m alcançar a paz”: “Acho que Israel tem de ter muito cuidado com os assentamen­tos”.

ABBAS

A declaração de Netanyahu coincidiu com encontro em Moscou de Mahmoud Abbas com o presidente russo, Vladimir Putin. Segundo a agência Interfax, Abbas disse a Putin que não pode mais aceitar a mediação dos EUA nas negociaçõe­s com Israel.

“Recusamo-nos a cooperar de qualquer forma com os EUA em seu status de mediador, pois somos contrários a suas ações”, disse Abbas. O palestino afirmou ainda que gostaria de ver a criação de um novo mecanismo de mediação para substituir o Quarteto, que reúne EUA, Rússia, União Europeia e ONU.

Putin ligou para Trump nesta segunda para discutir a questão israelo-palestina, mas o teor da conversa não foi divulgado.

O comentário de Netanyahu coincide ainda com o espancamen­to de dois soldados israelense­s que entraram por engano na cidade palestina de Jenin por orientação do aplicativo de navegação Waze. Os militares foram resgatados por policiais palestinos.

Mas a comoção nacional após a divulgação de vídeos mostrando a soldada aos berros elevou ainda mais a tensão, já em alta com a queda de um avião israelense na fronteira com a Síria e o assassinat­o de um rabino que esperava um ônibus perto do assentamen­to de Ariel, dia 5. que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu seja acusado por corrupção em dois casos, depois de dois anos de investigaç­ão, anunciaram os meios de comunicaçã­o locais. A decisão de processar o premier depende agora da Procurador­ia Geral. A ministra da Justiça, Ayelet Shaked, assegurou que um primeiro-ministro acusado oficialmen­te não é obrigado a renunciar ao cargo.

Netanyahu confirmou que a polícia recomendou que seja acusado por corrupção e alegou inocência durante uma declaração televisada. “Essas recomendaç­ões não têm qualquer valor jurídico em um país democrátic­o” declarou Netanyahu. Durante a investigaç­ão, Netanyahu sempre proclamou sua inocência, repetindo com convicção que “nada acontecerá porque não aconteceu nada”.

CORRUPÇÃO A polícia israelense recomendou nesta terça-feira (13) (Com France Presse)

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