Folha de Londrina

JUSTIÇA SOCIAL

- Amanda Pupo Agência Estado

No lançamento da Campanha da Fraternida­de, CNBB ressalta que a Igreja quer candidatos comprometi­dos com a paz

Brasília -

No lançamento da Campanha da Fraternida­de 2018, da CNBB (Conferênci­a Nacional dos Bispos do Brasil), o presidente da instituiçã­o, cardeal Sergio da Rocha, afirmou que a Igreja quer candidatos comprometi­dos com a justiça social e com a paz, e “não aqueles que promovam ainda mais a violência”. A manifestaç­ão ocorreu após o cardeal ser questionad­o sobre como a Igreja irá se posicionar diante dos candidatos das eleições 2018 que defendem a liberação de porte de armas em alguns casos, por exemplo.

“A Igreja está orientando os próprios eleitores, não substituin­do suas consciênci­as, mas ajudando a formálas”, disse o presidente da CNBB a jornalista­s logo após a cerimônia de lançamento da campanha, que tem como tema “Fraternida­de e a Superação da Violência”.

Com a presença do secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, da presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, do secretário executivo da Comissão Brasileira de Justiça de Paz da CNBB, Carlos Moura, e do deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ), a solenidade foi marcada por discursos que acentuaram a necessidad­e de superação da violência e a urgência por atitudes mais efetivas do Poder Público para resolver esses problemas.

Anualmente lançada na Quarta-feira de Cinzas, a campanha foi endossada pelos presentes ao evento como essencial após fatos ocorridos durante o feriado de carnaval, marcado por muitos casos de violência, principalm­ente no Rio de Janeiro (RJ). A cidade registrou diversos saques, arrastões e roubos, que foram destacados nas falas das autoridade­s na manhã desta quarta-feira (14).

DESARMAMEN­TO

Os representa­ntes da CNBB e o deputado Alessandro Molon, coordenado­r da Frente de Prevenção à Violência e Redução dos Homicídios na Câmara dos Deputados, destacaram em seus discursos que é inadmissív­el que o Poder Público tente resolver os problemas da violência com atitudes falsas e simplistas. A campanha da CNBB reforça a importânci­a do Estatuto do Desarmamen­to, o qual congressis­tas tentam alterar. “É um grande equívoco achar que superamos a violência recorrendo a mais violência”, afirmou o cardeal Sergio da Rocha.

Na apresentaç­ão do texto da campanha, o secretário executivo da CBJP (Comissão Brasileira de Justiça e Paz) da CNBB, Carlos Moura, destacou que uma alteração do Estatuto teria consequênc­ias ainda mais drásticas para a comunidade negra, vítima dos maiores índices de violência do Brasil.

Além de destacar essas questões, o deputado Alessandro Molon criticou o Legislativ­o, que, segundo ele, está mais preocupado em aumentar penas de crimes para proteger o patrimônio, e não de crimes que atentam contra a vida. Ele ainda afirmou que o Carnaval deste ano foi “de violência e omissão”.

REFORMAS

Aos jornalista­s, o presidente da CNBB também comentou sobre as reformas assumidas pelo governo federal. A CNBB já se pronunciou sobre a reforma da Previdênci­a, por exemplo, afirmando que a proposta “escolhe o caminho da exclusão social”. O cardeal Sergio da Rocha disse que a CNBB deve se manifestar em breve novamente sobre o tema, mas acrescento­u que a Igreja tem alertado para o que ele chamou de “perda de direitos sociais”. “Não podemos admitir que mais pobres, mais vulnerávei­s, possam arcar com sacrifício­s maiores quando se trata de reformas e mudanças sociais”, afirmou.

 ?? Marcelo Camargo/Agência Brasil ?? Lançamento da Campanha da Fraternida­de foi acompanhad­o pela ministra Cármen Lúcia
Marcelo Camargo/Agência Brasil Lançamento da Campanha da Fraternida­de foi acompanhad­o pela ministra Cármen Lúcia

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