Segovia vai prestar esclarecimentos a Barroso na próxima segunda-feira
O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, irá responder aos questionamentos do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), na próxima segunda-feira, dia 19, de acordo com o gabinete do ministro. À princípio, o encontro será às 17h.
No último sábado, 10, Barroso mandou intimar Segovia para esclarecimentos, após o diretor-geral da PF, em entrevista à Reuters, indicar que a tendência é que as investigações contra o presidente Michel Temer sobre o Decreto dos Portos sejam arquivadas. Barroso é relator do inquérito, em tramitação no Supremo.
“Tendo em vista que tal conduta, se confirmada, é manifestamente imprópria e pode, em tese, caracterizar infração administrativa e até mesmo penal, determino a intimação do Senhor Diretor da Polícia Federal, delegado Fernando Segovia, para que confirme as declarações que foram publicadas, preste os esclarecimentos que lhe pareçam próprios e se abstenha de novas manifestações a respeito”, diz o despacho de Barroso.
Por meio de nota, Segovia afirmou na última semana que “em momento algum disse à imprensa que o inquérito será arquivado”. “Afirmei inclusive que o inquérito é conduzido pela equipe de policiais do GInqE com toda autonomia e isenção, sem interferência da Direção Geral”, afirmou o diretor-geral da PF.
Na intimação feita em pleno plantão de sábado, Barroso ainda pediu que o Ministério Público Federal, como órgão de controle externo das atividades policiais, também tome as providências “que entender cabíveis”.
SEM TROCA Apesar de dizer que não conversou com o presidente Michel Temer a respeito das declarações do diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse nesta quarta-feira, 14, que “não existe essa cogitação” de uma possível troca no comando da PF.
“Nós entendemos, eu não conversei com o presidente sobre isso, mas entendo que essa é uma questão encerrada. O diretor-geral, em função do respeito que ele tem à Justiça, vai prestar os esclarecimentos solicitados pelo ministro Barroso. Mas eu, sinceramente, tenho uma visão pessoal em relação a isso que é: o decreto não beneficia a Rodrimar, isso aí é que nem você estar investigando um assassinato de alguém que está vivo”, afirmou o ministro, na saída do Palácio da Alvorada, onde esteve com Temer para discutir estratégias para tentar colocar em votação a reforma da Previdência na semana que vem.
Marun disse ainda que Segovia “verbalizou o óbvio” e que a crise em torno das declarações do diretor-geral da PF é uma “tempestade em copo d’água”. “O decreto não beneficia a Rodrimar, temos hoje um contingente de polícias trabalhando num decreto onde não existe o delito”, afirmou.
O ministro disse que já viu “muitas vezes” promotores e delegados prestando informações em entrevistas sobre inquéritos em andamento. “Não vejo nenhum ineditismo nas palavras do Segovia, até estranho uma celeuma tão grande a respeito deste assunto”, destacou Marun.