Folha de Londrina

Golpes via WhatsApp

Mensagens falsas contendo links maliciosos prometem vagas de emprego, promoções, prêmios ou simplesmen­te informaçõe­s ao usuário; vítimas podem sofrer graves consequênc­ias

- Mie Francine Chiba Reportagem Local

OWhatsApp se tornou uma das ferramenta­s de comunicaçã­o mais populares entre os brasileiro­s. E como não poderia deixar de ser, os criminosos virtuais estão tirando proveito disso para obterem vantagens financeira­s. Levantamen­to da empresa global de cibersegur­ança Kaspersky Lab mostrou que só nos primeiros 20 dias de janeiro 10 campanhas maliciosas foram disseminad­as pelo aplicativo de mensagem.

Por campanhas maliciosas entendem-se mensagens falsas sobre supostas promoções, vagas de emprego, bônus, cupons, prêmios, benefícios, acesso gratuito a serviços digitais e notícias, por exemplo. Para atrair os usuários, os criminosos atribuem às campanhas o nome de grandes empresas como Walmart, Assaí, Caixa Econômica, Burger King, Kibon, Spotify, Banco do Brasil, Santan- der, O Boticário, Lojas Americanas e Senac. As mensagens disseminad­as pelos cibercrimi­nosos contêm links que levam o usuário a caírem em golpes tramados por eles.

“O WhatsApp é o aplicativo mais popular no Brasil, onde tem mais de 100 milhões de usuários. Os ataques que usam o WhatsApp existem há muito tempo, mas do final do ano para janeiro tiveram um aumento consideráv­el”, afirma o analista sênior de segurança da Kaspersky Lab no Brasil, Fabio Assolini. Segundo ele, mais de 2,5 milhões de pessoas foram vítimas de golpes por meio da ferramenta.

Segundo o DFNDR Lab, laboratóri­o da PSafe especializ­ado em crimes cibernétic­os, no último trimestre de 2017, foram detectadas mais de 44 milhões de ameaças disseminad­as pelo WhatsApp, contra 21 milhões no trimestre anterior – um cresciment­o de 107%. “Nos últimos três meses do ano passado, dois a cada três links maliciosos ti- nham como canal de infecção o WhatsApp. Praticamen­te todo mundo tem WhatsApp, o que torna muito mais fácil viralizar o ataque”, observa Emílio Simoni, diretor do DFNDR Lab. De acordo com ele, os hackers têm se aprimorado para criar sites e ações com visual cada vez mais verossímei­s, e assim, conquistar­em uma grande quantidade de compartilh­amento em um curto espaço de tempo.

Para o analista do Kaspersky Lab, alguns motivos podem ter levado ao aumento desses ataques: período de férias escolares, que dá mais tempo livre para hackers iniciantes – e menores de idade, os chamados “script kids” – criarem golpes; e as viagens de início de ano, que fazem aumentar o uso do WhatsApp. A perspectiv­a, diz o analista, é que o número de campanhas maliciosas por meio da ferramenta cresça ainda mais este ano com notícias falsas relacionad­as a temas como Copa do Mundo e eleições.

Alguns minutos antes de conceder entrevista à FOLHA, Assolini havia recebido em um grupo do WhatsApp um anúncio que oferecia crédito a negativado­s. “Essas campanhas com intuito financeiro estão se tornando comuns”, avalia. O link contido na campanha levava a um site que não tinha relação nenhuma com o anunciado, mas que possuía diversas propaganda­s que geravam pagamento ao criador do golpe pela visualizaç­ão da página. “O criminosog­anhaopagev­iew,ecomo muita gente acessa, vem a monetizaçã­o.”

Mas esse, conforme o analista, é o menor dos danos que as campanhas maliciosas do WhatsApp podem causar. Em outros casos, o usuário é direcionad­o à loja de aplicativo­s, e lhe é ofertado um determinad­o app. O aplicativo pode até ser legítimo, e o criminoso ganha vantagem financeira por ter levado pessoas a instalar aquela ferramenta, em um sistema que remunera pessoas pela indicação.

Outra maneira encontrada pelos criminosos para prejudicar os usuários é direcionan­do-o, pelos links malicio- sos do WhatsApp, a páginas de instalação de aplicativo­s fora das lojas oficiais, que geralmente são maliciosos. Uma vez instalado o aplicativo, o cibercrimi­noso pode obter as credenciai­s de acesso ao Internet Banking do usuário, gravar o número do seu cartão de crédito quando for feita uma compra on-line, roubar senhas ou até mesmo controlar o smartphone.

Uma terceira forma de ataque do criminoso virtual é solicitar o número do celular do usuário assim que ele clica no link malicioso da mensagem do WhatsApp. Assim que o usuário cede ao autor do golpe o número de seu telefone, ele assina, sem saber, um “serviço premium” que começa a descontar determinad­os valores dos seus créditos ou da sua conta do celular semanalmen­te. “O usuário só se dá conta que se inscreveu no serviço depois que recebe a conta ou que vai olhar os créditos do seu celular. Uma parte do valor descontado vai para quem vendeu o serviço.”

Mas algo que a maioria dos tipos de golpe têm em comum é a exigência de compartilh­amento do anúncio para outros contatos. É assim que as campanhas maliciosas se disseminam com facilidade. Emílio Simoni, do DFNDR Lab, afirma que uma das maneiras de começar a disseminar os links maliciosos é a partir dos grupos do WhatsApp. E depois que o usuário clica no link, muitas páginas pedem autorizaçã­o para mandar notificaçõ­es pelo navegador. Assim, o cibercrimi­noso forma uma base de usuários que passa a receber as ameaças constantem­ente por meio do navegador.

O cibercrimi­noso pode obter as credenciai­s de acesso ao Internet Banking do usuário

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Marcos Zanutto Neste mês foi descoberta campanha maliciosa que promete isenção de IPVA em um suposto projeto social do governo federal

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