Folha de Londrina

Londrina enfrenta infestação de escorpiões

Em 2018 já foram registrado­s pelo menos 13 acidentes; ambientes úmidos e com presença de baratas propiciam o aparecimen­to do animal

- Micaela Orikasa Reportagem Local

Quem já foi picado por um escorpião sabe do sofrimento. Além da forte dor no local da picada, muitas vezes há vômito, taquicardi­a, sudorese e diarreia. “Se as pessoas já acham a picada de abelha dolorida, a de escorpião então, é bem pior”, comenta o limpador de túmulos Silvio Bernardo de Carvalho. Ele foi picado na mão ao pegar uma vassoura em uma espécie de armário de ferramenta­s no cemitério Padre Anchieta, na zona leste de Londrina. “Na hora senti a mão amortecida e uma dor que parecia que alguém cortava os meus dedos. Passei muito mal e cheguei a ficar um dia no hospital para receber remédio e soro”, lembra.

O acidente ocorreu em 2017, mas o risco no qual Carvalho foi exposto se estende por toda a cidade. De acordo com o setor de Vigilância Ambiental, da secretaria municipal de Saúde, os registros de acidentes com o animal ocorre em todas as regiões. Segundo o agente no setor, Mário Inácio da Silva, houve um aumento de casos em relação ao mesmo período de 2017. Entre os dias 3 de janeiro e 8 de fevereiro deste ano, já foram registrado­s 13 acidentes e 39 animais foram recolhidos e encaminhad­os para o LacenPr (Laboratóri­o Central do Paraná), em Curitiba.

Dos acidentes, um foi com o escorpião preto (Bothiurus sp), um com o amarelo (Tityus serrulatus) e os demais aguardam laudo ou não tiveram os animais recolhidos. “O amarelo é o mais perigoso, pois tem um veneno mais letal. A pessoa deve matar o animal, recolhê-lo se possível e buscar ajuda médica imediatame­nte. A reação vai depender de cada pessoa, mas o ideal é que ela seja medicada em até 6h após a picada”, explica Silva.

Em 2017, o número total foi de 69 acidentes, com a captura de 288 escorpiões. Os animais são enviados para análise e listagem em Curitiba. “Esse encaminham­ento é necessário para mapearmos qual espécie está em determinad­a região”, afirma.

JARDIM IDEAL

De acordo com Silva, as regiões leste e oeste registram o maior número de escorpiões. Do total de acidentes neste ano, três ocorreram na zona leste e, segundo Silva, um trabalho de vistoria resultou na captura de 15 animais. “Somente no jardim Ideal foram retirados nove escorpiões, sendo que seis eram da espécie amarela”, revela.

O bairro abriga o cemitério Padre Anchieta, onde o pedreiro autônomo João Toshio também foi atingido na mão. “Mas foi leve. A mão ficou dormente e só. Foi sorte”, conta ele, que trabalha atualmente na manutenção de um túmulo e fez questão de mostrar a pilha de entulhos onde os escorpiões costumam se abrigar. (Leia mais na pág.2)

Senti a mão amortecida e uma dor que parecia que alguém cortava meus dedos”

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Saulo Ohara

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