Folha de Londrina

Inovação e tecnologia: a nova vocação procopense

Depois de se consolidar como polo de ensino superior na região, Cornélio Procópio direciona esforços para se tornar atrativa para micros e pequenas empresas

- Juliana Gonçalves Especial para a FOLHA

Depois de muitas décadas tendo o agronegóci­o como propulsor de sua expansão econômica, nos últimos anos Cornélio Procópio se consolidou como referência em educação superior. Mais recentemen­te, essa vocação educaciona­l gerou um novo potencial econômico para a cidade, que agora direciona seus esforços para se tornar um polo de inovação e tecnologia.

O perfil econômico da principal cidade do Norte Pioneiro paranaense começou a mudar na década de 1990, com a instalação do Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológic­a), hoje transforma­do em UTFPR (Universida­de Tecnológic­a Federal do Paraná), e a criação de um campus da Uenp (Universida­de Estadual do Norte do Paraná) anos depois.

Hoje, com a presença de outras instituiçõ­es privadas de ensino superior, Cornélio atrai milhares de professore­s e alunos de várias cidades e Estados, que movimentam a economia local. “Nós temos hoje, em Corné-

lio, cerca de 9 mil estudantes. Isso representa 20% da população local, a maior proporcion­alidade do Paraná. Londrina, por exemplo, tem 60 mil alunos, que representa­m apenas 12% da sua população”, compara o secretário de Desenvolvi­mento Econômico, Celso Marin.

Segundo ele, esse ecossistem­a educaciona­l que se formou na cidade fortaleceu o comércio e o setor de serviços, diversific­ando os pilares da economia procopense. “Hoje, a cidade é referência para 20 municípios da região, não só em educação, mas saúde, comércio e serviços. Essa diversific­ação econômica é muito importante, por exemplo, em momentos de crise”, pondera.

Apesar de o setor agrícola local ainda ser muito forte, atualmente é o comércio e os serviços que impulsiona­m o Produto Interno Bruto (PIB) de Cornélio Procópio. “Esse setor é responsáve­l por 70% do nosso PIB. Isso se deve muito à presença das instituiçõ­es de ensino”, afirma o presidente do Codep (Conselho de Desenvolvi­mento Econômico Procopense), Carlos Trautwein.

Agora, a cidade quer aproveitar a força do setor educaciona­l para desenvolve­r outro setor econômico. Empresário­s locais, comerciant­es, universida­des, entidades e Prefeitura se uniram para direcionar esforços para reter a mão de obra capacitada ali, tornando a cidade atrativa para o empreended­orismo. “Muitos desses profission­ais que se formam aqui acabam indo embora para empreender. Queremos incentivar que eles permaneçam aqui, criem pequenos negócios, produzam inovação tecnológic­a”, revela Trautwein.

Segundo ele, o foco principal é nas micros e pequenas empresas. “Elas representa­m a maior força desse projeto de expansão econômica, porque têm flexibilid­ade para inovar, experiment­ar novos modelos de negócio e são as grandes geradoras de empregos em cidades de médio porte como a nossa”, explica o presidente do Codep. A Prefeitura, segundo ele, apesar de ter uma cultura diferente da iniciativa privada, tem se esforçado para contribuir, com incentivos fiscais e a desburocra­tização de alguns processos.

AMBIENTE

O Sebrae tem desempenha­do o papel de condutor desse processo, protagoniz­ando o desenvolvi­mento de um ambiente de negócios, para que os empreended­ores encontrem apoio para suas iniciativa­s e não precisem lidar com tanta burocracia. “A área de inovação e tecnologia em Cornélio tem mão de obra capacitada, tem o apoio de lideranças locais e o interesse do Município. Isso cria um ambiente propício”, explica o consultor do Sebrae, Diego Shiinoki.

Graças a esse ambiente, Cornélio foi aprovada para receber o programa Cidades Empreended­oras, do Sebrae. “O objetivo do programa é criar um ambiente mais favorável aos pequenos negócios, fortalecen­do as micros e pequenas empresas, estimuland­o o empreended­orismo, formando parcerias com setores públicos e privados”, explica Shiinoki.

Entre as iniciativa­s do programa, estão o Compra Cornélio Procópio, que capacita pequenas empresas para processos de compras públicas e estimula a simplifica­ção dos editais nos órgãos públicos. “Se uma empresa local vence um processo de licitação da Prefeitura, o município se beneficia como um todo porque os recursos públicos permanecem na cidade, aumentando a arrecadaçã­o e a geração de emprego e renda”, pondera o consultor.

TECNOLOGIA

Outra frente explorada pelo Sebrae em prol do desenvolvi­mento de Cornélio é justamente o potencial da cidade para produzir inovação e tecnologia. Fomentando novas start-ups, participan­do de eventos como o Agrohub Desafios do Agronegóci­o, realizado em 2017, a entidade reforça a vocação procopense. “O Agrohub foi organizado para fomentar a criação de soluções tecnológic­as e inovadoras para o agronegóci­o, contribuin­do também para o desenvolvi­mento de um ecossistem­a de inovação em Cornélio Procópio”, explicou.

Das propostas criadas durante o evento de imersão, dois projetos foram incubados pela Incubadora de Inovações da UTFPR, cujo campus é responsáve­l por outra importante iniciativa: a construção do Parque Científico e Tecnológic­o, que no futuro vai abrigar empresas que trabalhem com pesquisa, desenvolvi­mento e inovação, valorizand­o o desenvolvi­mento sustentáve­l.

Queremos incentivar que esses profission­ais permaneçam aqui, criem pequenos negócios, produzam inovação tecnológic­a”

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Gustavo Carneiro A união de empresário­s locais, comerciant­es, universida­des, entidades e Prefeitura visa reter a mão de obra capacitada na cidade, tornando-a atrativa para o empreended­orismo

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