Folha de Londrina

EXPLICAÇÕE­S

Secretário de Fazenda e presidente da CMTU foram à Câmara prestar esclarecim­entos sobre cálculo do IPTU e da taxa de lixo

- Guilherme Marconi Reportagem Local

Secretário­s municipais e presidente da CMTU são sabatinado­s na Câmara sobre cálculo e distorções nos valores do IPTU e da taxa de lixo

Após retirar projetos de lei para esvaziar a pauta, os vereadores de Londrina sabatinara­m por quatro horas na tarde dessa quinta-feira (15) parte do primeiro escalão da gestão Marcelo Belinati (PP) sobre dois assuntos que dominam a agenda do Executivo: as distorções do IPTU (Imposto Predial e Territoria­l Urbano) e o cálculo da taxa de lixo na cidade. Estavam presentes o secretário de Fazenda e Planejamen­to, Edson de Souza, e o presidente da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito de Urbano), Moacir Sgarioni, além do vice-prefeito e secretário de Agricultur­a, João Mendonça. Na plateia, um grupo de moradores da zona norte com faixas e cartazes. O contingenc­iamento de verbas na ordem de R$ 25 milhões também foi alvo de questionam­entos.

Para Filipe Barros (PRB), as explicaçõe­s sobre os dois temas não convencera­m os parlamenta­res. Ele questionou a planilha que embasou o custo de R$ 52 milhões do serviço de lixo em Londrina, que foi rateado na cobrança conjunta no boleto do IPTU. Ele disse considerar ilegal a cobrança em duplicidad­e da taxa de gerenciame­nto da CMTU de mais de R$ 3 milhões e a fiscalizaç­ão dos serviços de cerca de R$ 9,5 milhões. “Na minha visão, é totalmente ilegal pela própria lei federal de resíduos sólidos e isso ele (Moacir Sgarioni) não respondeu.”

Entre os investimen­tos futuros que só vieram à tona em janeiro por questionam­ento da imprensa estão a construção de uma Nova Célula (vala) no CTR (Centro de Tratamento de Resíduos), prevista em R$ 2,3 milhões, e outros R$ 500 mil para instalação de dois novos PEVs (Pontos de Entrega Voluntá-

ria). Ou seja, projetos de investimen­tos que ainda não saíram do papel, mas já fazem parte do rateio pago pelo contribuin­te no boleto de 2018.

RESPOSTA

O presidente da CMTU, Moacir Sgarioni, saiu em defesa da planilha que embasou o valor da taxa de lixo. “Temos que recuperar uma defasagem que ocorria. Ano passado, foram arrecadado­s R$ 23,8 milhões, mas o custo total do serviço foi de mais de R$ 40 milhões.” Sgarioni argumentou que o Código Tributário e outras leis municipais e federais justificam a cobrança de investimen­tos futuros. “Sugeri que a Câmara poderá colocar um representa­nte para sentar com o nosso jurídico e o Ministério Público. Se não pode ocorrer, não podemos cobrar, mas nosso entendimen­to é favorável à cobrança”. Ele explicou que os investimen­tos previstos agora poderão gerar economia nos próximos anos e uma revisão no valor do rateio do serviço.

Sobre o questionam­ento de suposta duplicidad­e na planilha para fiscalizaç­ão do sistema, Sgarioni rebateu. “Você tem que pensar no complexo lixo, não só na coleta da Kurica (empresa terceiriza­da)”, disse o presidente da CMTU ao elencar outros aspectos como fiscais que acompanham as cooperativ­as, os que fiscalizam o descarte irregular e os demais cargos da empresa pública.

DISTORÇÕES

Já o secretário de Fazenda, Edson de Souza, descartou uma revisão de ofício de todos os lançamento­s feitos nos valores do IPTU ao ser indagado pelo vereador Amauri Cardoso (PSDB). O parlamenta­r o questionou por conta dos erros de digitação e técnicos admitidos pelo Executivo em lançamento­s, entre eles o do próprio condomínio onde o prefeito reside. “Se o próprio poder público que está cometendo o equívoco, que ele faça uma revisão de ofício e rever o que ele propôs, uma vez que não foram poucos erros.” Edson de Souza, ao ser indagado sobre as distorções, repetiu o discurso de que o contribuin­te insatisfei­to com o valor cobrado poderá entrar com recurso administra­tivo.

Outra pergunta feita por Barros irritou o secretário quando o vereador indagou que teriam servidores investigad­os por fraudes. “Eu me sinto mais uma vez ofendido quando dizem nessa Casa que temos na Fazenda uma máfia, não temos máfica nenhuma. Temos servidores honrados. Não é porque uma pessoa cometeu algum delito que nós vamos fazer o mesmo com todos”. O assunto é alvo de sindicânci­a interna na Prefeitura e de investigaç­ão no Ministério Público, que apura se servidores da Secretaria da Fazenda deram descontos indevidos ou apagaram dívidas do sistema de informátic­a da prefeitura em troca de propina.

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