CAMPO MINADO -
Questões contratuais paralisaram o fornecimento de matéria-prima; secretaria busca material em Ibiporã
Por falta de matéria-prima, tapa-buraco funciona com apenas 30% da capacidade em Londrina. Prefeitura busca adequação de contrato com empresa fornecedora para regularizar o serviço. Moradores do jardim Alpes 2, na zona norte, reclamam que consertos paliativos não abrangem todas as ruas do bairro.
Conviver com os buracos no asfalto não é novidade para os londrinenses, no entanto, há uma particularidade que prejudicou ainda mais a situação. A usina de asfalto da prefeitura está paralisada há três semanas devido a questões contratuais que impediram o fornecimento da matéria-prima ao município. Com isso, o serviço de tapa-buracos está funcionando com 30% da capacidade, piorando ainda mais a situação do pavimento da cidade.
“Faz um ano que eu moro aqui, o buraco já existia, mas ele foi aumentando. Os próprios moradores tentaram arrumar com cimento. A rua é de ônibus, quando passam pelo buraco faz o maior estrondo, assusta bastante”, conta Valéria Bernardo, 39, moradora do jardim Alpes 2 (zona norte). Na frente da casa da cabeleireira há buracos grandes que impedem a circulação de veículos sem o desvio. Desde que mora lá, Bernardo nunca viu a manutenção do local. “Eles arrumaram o bairro na semana passada, mas aqui não. Nunca vi tapar esse buraco”, reclama.
A situação demonstra um problema crônico da cidade. A manutenção de pavimentos é um problema que atinge muitos moradores de várias regiões. “A Petrobras está com política de reajuste mensal de preços e o contrato não previa esse reajuste, não tem como a empresa bancar o fornecimento. Estamos tentando fazer o realinhamento do contrato”, afirma João Verçosa, secretário municipal de Obras.
A empresa que fornece a matéria-prima é de Ponta Grossa (Campos Gerais) e pa- ralisou o abastecimento até a readequação do contrato. Enquanto isso, a prefeitura busca a massa pronta em uma empresa terceirizada de Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina). “Não estamos 100% paralisados porque temos ainda a possibilidade de comprar a massa pronta, mas o preço dessa massa é quase o dobro do preço da que a gente produz. Do ponto de vista do município não é ideal”, enfatiza o secretário.
Além do alto custo do produto, perde-se tempo no transporte, diminuindo a produtividade. Com essa situação, a prefeitura recebe, em média, uma carga de massa por dia. Caso a usina do mu- nicípio estivesse funcionando, a quantidade seria três ou quatro vezes maior, segundo Verçosa.
O secretário afirma que a negociação com a empresa de Ponta Grossa está na fase final, já encaminhada à Secretaria Municipal de Gestão Pública e à PGM (Procuradoria Geral do Município) e es- pera que nos próximos dias a situação já esteja regularizada para que a usina volte a funcionar.
Enquanto isso, a população vai aguardando o serviço de tapa-buraco. Lucila Marques, 66, espera que a prefeitura faça os reparos na rua José Luis de Oliveira, jardim Alpes 2. Em outubro de 2017, a dona de casa escorregou nas pedras soltas em frente a sua casa, sofrendo uma queda que a levou ao hospital. “Fui atravessar a rua, patinei e caí. Trincou o osso, até hoje estou mal disso. Os vizinhos já pediram providências, mas nunca vieram. Entregadores reclamam daqui, tá muito feio”, revolta-se.
A vizinha Adelaide Moreno, 81, além de sofrer para caminhar no local, ainda carrega o marido na cadeira de rodas. “A circulação é ruim, meu filho mora perto, eu vou olhando para o chão, porque se eu pisar em uma pedrinha já me desequilibro. Com ele (o marido) é mais difícil ainda. Não pode ficar assim, tem que arrumar”, relata a aposentada que também se incomoda com os barulhos.
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