Folha de Londrina

Dodge pede condenação de líder de Temer no Congresso

Aliado de Cunha, André Moura (PSC) é réu em três ações penais sob acusação de desviar recursos em prefeitura sergipana

- Reynaldo Turollo Jr. Folhapress Brasília

– A procurador­ageral da República, Raquel Dodge, pediu nesta quinta (15) ao STF (Supremo Tribunal Federal) a condenação do deputado André Moura (PSC-SE), réu em três ações penais sob acusação de desviar recursos do município de Pirambu (SE). A manifestaç­ão de Dodge se deu nas alegações finais dos processos, uma das últimas etapas antes do julgamento.

Moura é líder do governo Michel Temer no Congresso e foi um dos principais aliados do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), hoje preso pela Lava Jato.

Além da condenação pelos crimes de responsabi­lidade dos prefeitos (“apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em proveito próprio ou alheio” e “utilizarse, indevidame­nte, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou serviços públicos”, cujas penas vão de dois a 12 anos de prisão) e por associação criminosa (de um a três anos de prisão), Dodge pede que Moura repare financeira­mente os danos causados ao município.

Inicialmen­te, Moura foi denunciado pelo Ministério Público de Sergipe pelos crimes supostamen­te cometidos de 2005 a 2007, durante a gestão de um prefeito aliado. Em 2011, quando Moura assumiu o mandato de deputado federal, a denúncia subiu para o STF, devido ao foro privilegia­do.

Uma das ações penais trata de apropriaçã­o de recursos públicos por meio de compras em vários estabeleci­mentos comerciais. A denúncia cita, por exemplo, notas de compras no valor de R$ 5.180 em um mercado e de R$ 19.442 em outro.

Em outra ação, o deputado é acusado de usar três celulares registrado­s e pagos pela Prefeitura de Pirambu, causando prejuízo de R$ 21.718. A terceira ação penal é sobre o uso de veículos da prefeitura por Moura, que à época não fazia parte da administra­ção – ele foi prefeito do município por dois mandatos, até 2004.

O prefeito de Pirambu à época, Juarez Batista dos Santos, disse aos investigad­ores que, mesmo em sua gestão, Moura era quem mandava na prefeitura. Segundo o depoimento de Santos, “com o início da campanha eleitoral de André Moura para deputado estadual, nas eleições gerais de 2006, as exigências ilícitas do ex-prefeito foram ampliadas, como, por exemplo, o repasse de R$ 1 milhão entre os meses de abril e setembro de 2006”.

“Sem conseguir atender às demandas, Juarez Batista dos Santos passou a cortar os desvios de recursos públicos para André Moura e seu grupo”, sustentou a PGR. que, diferentem­ente do que afirmou a PGR, “toda a prova testemunha­l e material arrolada ao processo indica não ter havido qualquer interferên­cia do parlamenta­r durante o mandato de seu sucessor na Prefeitura de Pirambu”.

“Nos autos, também se comprova, pela prova colhida pelo STF, com a oitiva de dezenas de testemunha­s, que o deputado não ocasionou qualquer desvio de dinheiro público, tampouco exigiu que isso fosse feito por terceiros, conforme alega a PGR”, diz o texto. Moura afirmou que sua assessoria jurídica rebaterá ponto a ponto, no processo, as afirmações da Procurador­ia.

OUTRO LADO Em nota, o deputado disse

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Billy Boss/Câmara dos Deputados Deputado disse em nota que todas as provas arroladas ao processo indicam não ter havido qualquer interferên­cia dele durante o mandato de seu sucessor na prefeitura de Pirambu (SE)
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