Folha de Londrina

PF diz que delegados têm que denunciar intromissõ­es

- Rubens Valente Folhapress

Brasília - Em resposta a uma carta enviada por delegados que atuam em inquéritos sobre políticos com foro privilegia­do no STF (Supremo Tribunal Federal) e no STJ (Superior Tribunal de Justiça), a direção de Investigaç­ão e Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal afirmou que é um “imperativo legal” que eles denunciem eventuais pressões e ingerência­s nas investigaç­ões.

O grupo de delegados do Ginq (Grupo de Inquéritos do STF), núcleo subordinad­o à Dicor, afirmou em um memorando enviado ao diretor-geral da PF, Fernando Segovia, que não vai tolerar intromissã­o no curso dos inquéritos.

A carta foi enviada cinco dias depois que Segovia disse, em entrevista à agência de notícias Reuters na sextafeira (9), que o inquérito sobre o presidente Michel Temer em andamento no Ginq poderá ser arquivado. Segovia também disse que, se Temer se sentiu incomodado com perguntas enviadas por um membro do Ginq, Cleyber Lopes, poderia solicitar a abertura de um procedimen­to administra­tivo contra o delegado.

RESPOSTA

A resposta da direção-geral da PF aos delegados foi enviada nesta quinta-feira (15) ao Ginq pelo diretor da Dicor, Eugenio Ricas. A Dicor é responsáve­l por dar apoio, quando necessário, a todas as grandes operações da PF, incluindo a Lava Jato.

“Os dispositiv­os legais citados no documento [dos delegados] são, muito mais que prerrogati­vas, mandamento­s legais, dos quais, em nenhuma hipótese, nós, policiais federais, podemos nos afastar”, escreveu Ricas.

No ofício a Segovia, os delegados citaram leis e regulament­os que protegem a atividade de investigaç­ão da PF. Na resposta aos delegados, Ricas disse que a PF “goza de enorme credibilid­ade junto à sociedade brasileira em razão da imparciali­dade e qualidade técnica das investigaç­ões”.

O diretor mencionou que a direção-geral “tem adotado medidas efetivas para dar todas as condições para que o Ginq possa, cada vez mais, realizar sua missão de forma efetiva e eficaz”.

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