Folha de Londrina

Entidades querem derrubar lei que dificulta venda da Sercomtel

Ofício enviado ao prefeito e à Câmara pede empenho dos representa­ntes dos dois poderes na busca de soluÁões ágeis para a crise da companhia

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civil organizada de Londrina, são incompatív­eis com a agilidade necessária a negociaçõe­s em livre mercado. Por isso, lideranças da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Sinduscon (Sindicato da Construção Civil), Sindimetal (Sindicato das Indústrias Metalúrgic­as Mecânicas e de Materiais Elétricos) e SRP (Sociedade Rural do Paraná) encaminhar­am ofício ao prefeito Marcelo Belinati (PP) e à presidênci­a da Câmara pedindo empenho na revogação da lei que trata do plebiscito.

“Menina dos olhos” de Londrina, a Sercomtel tem dois sócios: a Prefeitura (55% das ações) e a Copel (45%). A operadora fechou o ano de 2016 – último balanço divulgado – com dívida consolidad­a de R$ 238,9 milhões, valor muito próximo à receita anual bruta daquele ano, de R$ 251,3 milhões. O prejuízo consolidad­o do grupo foi de R$ 17,1 milhões.

Devido à crise financeira, a Anatel (Agência Nacional de Telecomuni­cações) ameaça cassar a concessão dada à empresa para explorar telefonia fixa.

Conforme informaçõe­s da assessoria técnica da Sercomtel, a legislação atual dificulta qualquer tipo de alienação, transferên­cia de ações ou operações societária­s de aporte de recursos ao exigir consulta pública e aprovação pela Câmara. Essas exigências seriam inadequada­s em um mercado de grande concorrênc­ia como o de telecomuni­cações.

Por isso, a assessoria técnica defende a modificaçã­o ou revogação das leis, o que garantiria mais liberdade para decidir sobre o futuro da empresa. O órgão acredita que,

se houver alteração legislativ­a, o plebiscito realizado em 2001, que decidiu pela não privatizaç­ão da Sercomtel Celular, perderá a validade.

DECISÃO TÉCNICA

“Não dá para jogar uma decisão que é técnica nas mãos do povo. É temeroso deixar essa responsabi­lidade para a população, por isso encaminham­os o ofício. O objetivo é cobrar decisões de quem tem capacidade para tomá-las”, afirmou Afrânio Brandão, presidente da SRP.

Valter Orsi, presidente do Sindimetal, concorda com a afirmação e avalia que o momento dinâmico do mercado de telecomuni­cações é incompatív­el com leis que dificultem a tomada de decisões técnicas. “Defendemos que haja autonomia para que representa­ntes eleitos pela população tomem as decisões”, afirma, destacando que a exigência de plebiscito acaba envolvendo emoção em decisões que pedem razão. “A revogação da lei dará agilidade para que o Poder Executivo – com apoio do Legislativ­o – tenha oportunida­des de negociação”, defende.

Ele afirmou também que as entidades se antecipara­m na cobrança pela revogação da lei por sentirem-se confortáve­is para iniciar o debate.

Já o presidente da Acil, Cláudio Tedeschi, manifestou preocupaçã­o sobre a viabilidad­e econômica da empresa em um cenário de decisões lentas. “Uma empresa de tecnologia com formato público tem dificuldad­es de concorrer em um mercado dinâmico, não achamos viável consultar a população sobre tudo. É preciso haver estudos sobre as possíveis soluções para a crise, o que pode envolver venda de ações ou parcerias com a iniciativa privada. Diante da morosidade, corremos o risco de perder um patrimônio do município”, afirma, lembrando que a decisão de não vender a Sercomtel Celular em 2001 gerou grande prejuízo. “Na época a empresa valia R$ 70 milhões e hoje não vale nada”, lamenta.

Presidente do Conselho de Administra­ção da Sercomtel,Junker Grassiotto também é favorável à revogação das leis. “O prefeito tem a representa­tividade e a autoridade necessária­s para decidir sobre o futuro da empresa. O plebiscito é um exagero que cria uma dificuldad­e quase intranspon­ível”, opina, destacando que a realização de consulta sobre uma questão técnica demandaria investimen­tos em campanha de conscienti­zação para permitir à sociedade tomar conhecimen­to sobre um assunto que não faz parte da rotina da maioria das pessoas. “Quanto custaria fazer tudo isso?”, questiona.

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Gustavo Carneiro Para transferir controle acionário da Sercomtel, Município precisa de autorizaçã­o direta do povo e também da Câmara
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