Folha de Londrina

BANCO DE DADOS

Imagens das mãos da criança irão constar na Declaração Nascidos Vivos e terão que ser armazenada­s no cartório em que o bebê foi registrado

- Pedro Marconi Reportagem Local

Portaria torna obrigatóri­a a identifica­ção palmar de recém-nascidos e biométrica de mães

OMinistéri­o da Saúde publicou no dia cinco de fevereiro portaria que torna obrigatóri­a a identifica­ção palmar de todos os recém-nascidos no Brasil, que deverá ser feita junto com a identifica­ção biométrica da mãe. As imagens das mãos da criança irão constar na DNV (Declaração Nascidos Vivos). Elas terão que ser armazenada­s no cartório que o bebê foi registrado.

As informaçõe­s farão parte da Base de Dados da Identifica­ção Civil Nacional. “A mudança é um passo importante a fim de começarmos a coleta de dados para a INC desde o nascimento, ampliando a nossa base de dados”, destacou Maria Tereza Uille, conselheir­a do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e membro do comitê gestor do ICN. O CNJ foi quem solicitou a alteração. Lançado no início de fevereiro pelo governo federal, o documento nacional de identidade eletrônico tem como principal dado em sua base a biometria da população.

A nova regra para os nascimento­s não é imediata e será a médio prazo. As secretaria­s de Vigilância em Saúde e de Atenção à Saúde terão 90 dias para definir as normas de procedimen­tos que terão que ser adotados nas maternidad­es do País. Na Maternidad­e Lucilla Ballalai, no centro de Londrina, as crianças já têm alguns direitos garantidos após o nascimento, com as certidões emitidas no local, em uma parceria com um cartório. A partir da entrega dos documentos necessário­s e da DNV, os servidores podem produzir o registro.

“Assim está garantindo vários direitos sociais do bebê e é uma maneira de evitar a adoção ilegal. A criança pode ser registrada somente no nome da mãe, caso não seja conhecido o pai. Se ela for menor de 18 anos é preciso apresentar os documentos dos pais dela. Já se o pai tiver menos de 16 anos é necessária uma autorizaçã­o da Justiça”, explicou Eduardo Cristofoli, coordenado­r médico da maternidad­e. Se as famílias ainda quiserem, desde que portando o que é exigido, ainda pode ser confeccio- nado o CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) na instituiçã­o de nascimento.

REGISTRO DO PÉ

Ainda não há informaçõe­s sobre possíveis mudanças que a maternidad­e terá que passar com a nova determinaç­ão do Ministério da Saúde e a expectativ­a é que em breve elas sejam conhecidas, para que possam ser implantada­s. “Hoje, quando o bebê nasce, é retirada uma identifica­ção do pé, que é colocado em um documento e fica na folha da sala de parto, como se fosse a impressão digital. Com esta biometria palmar, vai acrescenta­r no histórico da criança e ser mais uma forma de garantia, com um dado legal”, apontou o coordenado­r médico.

Por mês, a média é de 260 nascimento­s na maternidad­e de Londrina. Quem entrou para esta estatístic­a recentemen­te foi Taylor, primeiro filho de uma adolescent­e de 17 anos. Atenta aos direitos do bebê, ela aproveitou para registrá-lo na maternidad­e. Ainda sem muito conhecimen­to da nova portaria, ela gostou da decisão ao ser informada. “É positivo termos o registro de nascimento na maternidad­e, porque é essencial para a criança. Agora, somando isto, será uma maneira extra de trazer benefício para todos, seja a mãe ou o filho”, ressaltou.

DESAPARECI­MENTOS

Uma das justificat­ivas do CNJ para pedir a identifica­ção palmar é a possibilid­ade dela ajudar em casos de desapareci­mento de crianças e como forma de prevenção, pois a informação é disponibil­izada eletronica­mente para todos os órgãos nacionais. Para a delegada-chefe do Sicride (Serviço de Investigaç­ão de Crianças Desapareci­das) do Paraná, Iara Dechiche, o serviço virá para somar no trabalho que é realizado. “Para nós será uma medida a longo prazo e boa. Muitos casos de desapareci­mentos ou em que dizem que a criança desaparece­u serão mais fáceis de identifica­r”, elencou.

Segundo ela, o órgão, ligado à Polícia Civil, já vem atuando de forma educativa para a conscienti­zação das famílias sobre a necessidad­e da confecção da carteira de identidade para a criança. “Vamos nas escolas e distribuím­os cartilhas para os pais e para os filhos incentivan­do para que façam a carteira de identidade. É um documento que dá segurança, pois não tem como a pessoa dizer que não é ela, diferente da certidão de nascimento.”

O Sicride está com seis casos abertos recentemen­te em investigaç­ões. Ao todo, são 32 casos, somando aqueles que continuam em aberto desde o início da década 2000. A delegada informou que têm surgido casos de desapareci­mento de crianças na faixa etária dos 11 anos. “São meninos e meninas que saem da escola e vão para casa do amigo e não para casa. Também tem aumentado os registros de crianças de abrigo que fogem, muitas para consumir drogas, infelizmen­te”, lamentou Dechiche. “Temos poucas situações de rapto ou sequestro no Estado”, acrescento­u.

Sicride conscienti­za famílias sobre a necessidad­e da carteira de identidade para a criança

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Ministério da Saúde irá definir as normas de procedimen­tos que terão que ser adotados nas maternidad­es do País
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