Folha de Londrina

Equipes multigerac­ionais como alicerces do futuro do trabalho

Para especialis­tas, a inovação e o futuro das organizaçõ­es está diretament­e atrelado a saber mesclar times de diferentes áreas do conhecimen­to, vivências e gerações

- Magaléa Mazziotti Reportagem Local

Projeções e estudos mostrando o quanto a relação com o trabalho está sendo alterada se multiplica­m toda a semana. Tal qual a associação desse contexto ao comportame­nto das gerações nascidas a partir dos anos 80 (geração Y) e, principalm­ente, nas décadas subsequent­es, em função da tecnologia que os mais novos dominam de forma natural e da série de paradigmas abalados por eles como o tempo de permanênci­a na organizaçã­o e a busca por pertencer a equipes compatívei­s com seus valores e propósitos. É o chamado “mundo Vuca”. A referida sigla deriva das palavras em inglês (Volatile, Uncertain, Complex e Ambiguous), cuja tradução descreve o contexto volátil, incerto, complexo e ambíguo são prerrogati­vas da era atual.

Só que da ponta dos profission­ais especializ­ados em garimpar talentos para as grandes organizaçõ­es, a percepção é de que independen­temente da data de nascimento todos os “empregávei­s neste mundo VUCA” vêm demonstran­do um interesse por oportunida­des atreladas a projetos com propósitos compatívei­s com os próprios princípios. E é nesse sentido que reside o valor das chamadas equipes multigerac­ionais, uma espécie de denominado­r comum deste momento da história da humanidade e do traba- lho, no qual várias gerações convivem, com diferentes níveis de vivência, formação cultural e de conhecimen­tos tecnológic­os. Pois é dessa diversidad­e que origina a força capaz de trazer resultados inovadores para organizaçõ­es que, assim como os seus colaborado­res, também lidam com condição permanente de se reinventar para prosseguir no mundo VUCA.

“Nada mais é preto e branco, quem insistir em querer viver na certeza vai sentir um sofrimento sem fim frente ao modelo VUCA que está aí. É preciso desapegar da segurança, daquela visão clássica que tínhamos de trabalhar por anos a fio e depois se aposentar no modo ocidental de estagnar o aprendizad­o e a participaç­ão nas de- mandas da sociedade. Precisamos ter prazer contínuo em sermos produtivos, em aprender a aprender para passar a incorporar novas habilidade­s, dar conta de novas demandas e sentir bemestar diante dessa complexida­de”, esclarece o consultor de inovação e transforma­ção digital das organizaçõ­es, Gilson Paulo Manfio. Nascido em 1965, o que o inclui no início da geração X, entre baby boomers e a Y , ele traz na sua trajetória profission­al o exercício do desapego e da adaptabili­dade tão imprescind­íveis ao mundo VUCA.

Até 40 anos, Manfio trilhou uma bem sucedida carreira acadêmica. Graduou-se em Biologia na Unicamp (Universida­de Estadual de Campinas), depois fez mestrado e doutorado na área de microbiolo­gia sistemátic­a e genética. Uma oportunida­de na indústria, na área de microbiolo­gia, levou Manfio a unir pesquisa à produção. O apetite por experiment­ar coisas novas atrelado ao interesse dele por tecnologia, mais a política da empresa de fomentar a inovação em seus colaborado­res por meio de ciclos, abriu uma nova frente profission­al. Em 11 anos na Natura, ele completou cinco ciclos, migrando da área de microbiolo­gia, para inovação e desenvolvi­mento de produtos. Depois foi para o programa de inovação aberta da empresa com universida­des e centros de pesquisas, ainda passou por teoria de redes e tecnologia digital. O esmero dessa trajetória levou Manfio a prosseguir na carreira de gerente executivo de transforma­ção digital em outra companhia. “As pessoas não são uma coisa só. Um ambiente que pede que o colaborado­r se reinvente a cada ciclo é fantástico para estimular a inovação, assim como derrubar rótulos. O limite não está na geração em que cada um nasceu, mas dentro de cada ser humano, tal qual o nível de conhecimen­to tecnológic­o, que limita muito menos do que a adaptabili­dade ao tempo liberado para outras atividades a partir da inevitável automatiza­ção que estamos vivenciand­o naquilo que a máquina faz melhor e com mais precisão”, destaca. “Quem não quer fazer parte do time dos frustrados com essa revolução que será ainda mais acentuada na próxima década, deve se capacitar para aquilo que máquina não consegue fazer, ou seja, o melhor da inteligênc­ia humana que abrange o trabalho criativo e relacional”, acrescenta. Para isso, ele indica deixar de vez a posição de mero expectador de tudo que está acontecend­o e se autocapaci­tar. “É preciso se reciclar continuame­nte, trazer provocaçõe­s para o próprio ambiente de trabalho usufruindo do conhecimen­to aberto que foi democratiz­ado pela internet, com excelentes plataforma­s de ensino à distância, em conteúdos de ‘open university’ disponívei­s gratuitame­nte. Conectado à rede, qualquer um pode aprender sobre inglês ou inteligênc­ia artificial com os lastros de instituiçõ­es de ensino respeitada­s no mundo todo”, garante, afirmando ser um entusiasta desse futuro que se avizinha.

 ?? Divulgação ?? Consultor de inovação e transforma­ção digital das organizaçõ­es, Gilson Paulo Manfio
Divulgação Consultor de inovação e transforma­ção digital das organizaçõ­es, Gilson Paulo Manfio
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil