Futuro desejado como mola propulsora
O otimismo de Manfio tem respaldo teórico: a chamada teoria U de Otto Sharmer, que por meio de diversas ferramentas e práticas estimula a inovação de toda a equipe via uma jornada generativa na qual as pessoas evoluem e crescem na interação e em prol de criar o futuro desejado. Alinhado a isso, que o headhunter e diretor da empresa especializada no recrutamento específico dos profissionais nas áreas de vendas, marketing e trade marketing Trend Recruitment, Marcelo Olivieri, garante que processos de seleção criteriosos não lidam com rótulos, tão pouco devem ter como critério o que se pressupõe sobre determinada geração. “Já entrevistei profissionais com mais de 50 anos extremamente ávidos por se desafiar constantemente e buscando propósitos, e também encontrei millenials (geração que iniciou a fase adulta após 2000) que por momentos de vida priorizavam a estabilidade”, afirma. “A transformação digital é muito mais cultural do que tecnológica no meu entendimento, embora seja crucial aprender a lidar com as ferramentas. O que percebo como fundamental no mundo do trabalho e com tantas gerações convivendo é a capacidade de estabelecer empatia para fazer parte do todo, extrair o melhor que cada talento reúne e trazer de forma conjunta as soluções necessárias para as demandas que surgem em uma velocidade que supera formatos tradicionais de planejamento, em que planos de cinco e dez anos são perda de tempo para cenários cuja transformação está em um ritmo acelerado e incerto”, recomenda Olivieri. A correlação com um time de futebol segue válida para Olivieri. “Não se ganha com 11 camisas 10. Os melhores times mesclam talentos diferentes com idades diferentes, essa coexistência é favorável e precisamos para os novos tempos”, compara.
“Vai ser empregável neste mundo VUCA quem não se deixar limitar com as próprias limitações, incluindo as amarras do ego, seja o trabalhador, seja a organização. Deve-se ter em mente que a vontade de fazer não tem custo e, por vezes, o investimento é menor do que se imagina”, destaca Manfio. Ele cita o exemplo da Hair Coach, fazendo uso da internet das coisas, a escova inteligente foi lançada há um ano por meio de uma parceria da Kérastase, marca da L’Oreal, com a empresa francesa Withings, comprada em 2016 pela Nokia. Com um microfone e conectada ela oferece a experiência em tempo real de analisar a saúde dos fios a partir dos sons da escova no cabelo e indicar o produto ideal para quele momento. “Quando uniram a unidade de negócios com a tecnológica, conseguiram esse grau de inovação e a parceria permitiu viabilizar um projeto cujo processo fabril foi terceirizado, dispensando o custo de instalar uma unidade só para produzir escova”, descreve Manfio, ressaltando o valor prático de uma equipe múltipla.
(M.M.)