Folha de Londrina

Morte súbita faz 320 mil vítimas por ano

Médicos advertem sobre a morte súbita cardíaca, que cada vez mais acomete indivíduos em idade produtiva

- Micaela Orikasa Reportagem Local

Ocoração é um músculo que bombeia nosso sangue, fornecendo oxigênio e nutrientes para o corpo. Não é a toa que ele está relacionad­o a muitos casos de mortes súbitas, inclusive entre indivíduos em idade produtiva. Para se ter uma ideia, a Sobrac (Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas) estima que 320 mil pessoas morrem no País todos os anos de forma inesperada devido à perda de função do coração.

O Sistema de Informaçõe­s sobre Mortalidad­e do SUS (Sistema Único de Saúde) mostra que em 2015 foram 2.457 mortes no Paraná por doenças isquêmicas do coração, consideran­do a faixa etária dos 15 aos 69 anos.

Os médicos cardiologi­stas ressaltam que muitas dessas mortes podem ser prevenidas, especialme­nte em indivíduos abaixo dos 70 anos, por meio do estilo de vida e pela informação. Esse recado é tão importante que será discutido amplamente na 45ª edição do Congresso Paranaense de Cardiologi­a, no mês de julho, em Curitiba. “As pessoas ainda não se previnem, isto é, não adotam hábitos de vida saudáveis, com a prática de exercício físico, detecção precoce dos fatores de risco e tratamento adequado”, afirma o cardiologi­sta Rodrigo Cerci, diretor científico da SPC (Sociedade Paranaense de Cardiologi­a).

Ele explica que, entre as causas cardíacas da morte súbita, o infarto agudo do miocárdio é a mais frequente. Esse evento ocorre geralmente pela ateroscler­ose, doença caracteriz­ada pelo acúmulo de placas de colesterol nas artérias do corpo.

Seu surgimento está ligado a uma série de fatores de risco, como a hipertensã­o, diabetes, colesterol alto, sedentaris­mo e histórico familiar. Uma vez que essas placas se formam nas artérias do coração, pode haver um entupiment­o que impede que o sangue passe naquele ponto.

Isso leva a uma falta de oxigenação dentro da musculatur­a cardíaca, provocando uma dor intensa e expondo o paciente ao risco caso ele não seja atendido precocemen­te. Essa é um situação de infarto.

“Eusópensav­aqueiamorr­er, porque você fica sem ação. É uma dor que começa na barriga e chega até a garganta, com a sensação de sufocament­o. Aí vem o suor e o desespero”, conta G.M.S, 54. Ele mora em Londrina com a mulher e três filhos e trabalha como operador de equipament­os. Há cerca de cinco anos, no exame periódico da empresa, descobriu que tem pressão alta. “Fui ao cardiologi­sta, comecei a tomar remédios e o cansaço e a dor de cabeça melhoraram muito”, diz.

Mas nas festas de fim de ano ele parou de tomar os remédios e descuidou da alimentaçã­o. Isso, somado ao sedentaris­mo e às faltas ao médico durante três anos, culminou no infarto. “Fui levado às pressas para ser atendido e fiquei quase uma semana no hospital. O médico disse que eu estava com duas veias entupidas”, explica. Agora, ele diz que aprendeu a não brincar com o coração. “Não adianta fugir dos remédios e do médico. Agora estou esperto. Vou maneirar no álcool e na comida porque eu não quero ter outro infarto não”, completa.

QUANDO O CORAÇÃO PARA

O cardiologi­sta em Londrina, Antônio Nechar, explica que a oclusão de uma artéria no coração pode levar a uma falha elétrica e gerar uma arritmia. “A arritmia é como uma ponta do iceberg, pois a pessoa pode ter um infarto e não ter percebido e o primeiro sintoma então, acaba sendo a morte súbita”, comenta.

Quando a pessoa sofre uma parada cardíaca, a falta de assistênci­a próxima, como um desfibrila­dor portátil, reduz drasticame­nte as chances de sobrevivên­cia. “A cada minuto que você perde sem uma manobra de ressuscita­ção, uma massagem cardíaca ou um choque para reversão do quadro, a pessoa tem 10% menos chance de sobreviver, pois essas manobras ajudam a ‘reiniciar’ o coração”, afirma o profission­al do Hospital do Coração,

Nessa situação, quando não há a possibilid­ade de usar o desfibrila­dor, o médico recomenda que a pessoa mais próxima do paciente verifique se ela tem pulso e respiração. Se a resposta for negativa, será preciso iniciar a massagem imediatame­nte. Uma indicação é colocar a vítima em uma superfície rígida, como no chão. “Utilize as duas mãos para fazer flexões em cima da caixa torácica. A ideia é dar pulso para o coração, pois ele pode ficar parado no máximo entre seis e sete minutos”, diz.

Eu só pensava que ia morrer, porque você fica sem ação”

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