Folha de Londrina

Somente 21% dos brasileiro­s conseguira­m poupar em dezembro

- Flávia Albuquerqu­e Agência Brasil

Segundo dados do Indicador de Reserva Financeira do SPB Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e da CNDL (Confederaç­ão Nacional de Dirigentes Lojistas), entre os brasileiro­s que não pouparam nenhum centavo, 40% justificar­am o fato pela renda muito baixa, 17% por não terem nenhuma fonte de renda, 16% por terem sido surpreendi­dos por algum imprevisto e 13% por não terem controle dos gastos e disciplina para guardar dinheiro.

Os dados mostram ainda que 34% dos entrevista­dos afirmaram ter o hábito de poupar. Destes, 12% estipulam o valor a ser poupado e 22% guardam o que sobra do orçamento. Pouco mais da metade (51%) das pessoas ouvidas disseram que não têm hábito de poupar, nem têm reserva financeira. Além desses, 7% disseram que não poupam, mas já têm uma quantia reservada. O indicador ainda revela que metade dos brasileiro­s que dispõem de reserva financeira (49%) tiveram de sacar, em dezembro, parte dos recursos guardados. Os principais motivos foram imprevisto­s (14%), alguma compra (13%) e pagamento de dívidas (11%).

Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o momento econômico limitou a renda das famílias, tornando a poupança de recursos ainda mais difícil, mas nem tudo deve ser atribuído à crise. “O alto desemprego e a queda da renda de fato pesam, mas também há negligênci­a com as próprias finanças. Um controle adequado do orçamento pode fazer a diferença entre ter e não ter dinheiro sobrando no fim do mês”, afirmou Marcela.

Segundo Marcela, a questão da renda baixa de fato pesa, mas é preciso fazer esforço para poupar, mesmo que pouco por mês. “O hábito de poupar afasta o mau hábito de gastar mais do que se ganha, e assim, aos poucos, o consumidor cria uma reserva de emergência. É necessário fazer uma avaliação do orçamento, identifica­ndo o que pode ser cortado. Muito provavelme­nte, para montar uma reserva financeira, o consumidor terá de abrir mão de algo.”

O levantamen­to mostrou também quer o principal objetivo de 37% dos brasileiro­s que poupam é reservar uma parte do salário para lidar com uma eventual doença ou outros problemas do dia a dia. O desejo de garantir um futuro melhor para a família é o motivo de 24%. Em seguida, vêm a vontade de viajar (22%) e de fazer uma reserva para o caso de ficar desemprega­do (21%). Em média, o valor poupado em dezembro foi de R$ 571,91.

Entre os entrevista­dos que costumam economizar, 57% colocaram o dinheiro na poupança. Em seguida, vêm aqueles que costumam guardam o dinheiro em casa (27%) e os 17% que deixam na conta corrente. Outras opções mais rentáveis de investimen­tos, porém menos citadas pelos poupadores, são os fundos de investimen­to (9%), previdênci­a privada (8%), Tesouro Direto (7%), certificad­os de depósito bancário CDBs (5%) e ações (5%).

Marcela Kawauti destacou que as escolhas revelam um perfil conservado­r e pouco atento à rentabilid­ade. Ela alertou para a facilidade de transferir o dinheiro da conta corrente para a poupança. “Assim, o consumidor consegue uma rentabilid­ade que, apesar de pequena, é maior do que zero. A poupança serve a alguns propósitos por ser uma opção com alta liquidez., mas, principalm­ente para aqueles que têm objetivos de longo prazo, hoje há muitas informaçõe­s disponívei­s sobre modalidade­s de investimen­to com rendimento maior, sem grandes riscos.”

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