Folha de Londrina

Sumiço no MON

Parte de obra chinesa desaparece na Bienal Internacio­nal de Curitiba

- Agência Estado

Parte de uma obra do artista chinês Liu Ruowang exposta na Bienal Internacio­nal de Arte Contemporâ­nea de Curitiba, montada na área externa do Museu Oscar Niemeyer (MON), desaparece­u. O caso só foi divulgado na tarde de domingo (18), porque, segundo o museu, foi necessário antes realizar um boletim de ocorrência no 1º Distrito Policial de Curitiba, registrado pelo presidente da Bienal, Luiz Ernesto Meyer Pereira.

A escultura, um livro aberto de quase três metros de compriment­o com um macaco no centro, estava exposta na parte externa do MON desde a abertura da Bienal, no dia 30 de setembro de 2017. Na manhã do dia 13 de fevereiro, a produção foi informada pelo museu de que o macaco havia desapareci­do. Poucos dias antes da notificaçã­o do desapareci­mento, no dia 5 de fevereiro, o deputado estadual do Paraná Ricardo Arruda (PEN) publicou em sua página no Facebook um vídeo criticando a obra. Ele se mostra bastante incomodado e levanta questões: “Não será uma inversão de valores, contrarian­do a teoria de que quem criou o mundo e nos deu a vida foi Deus? Colocando um macaco em cima da Bíblia não seria um desrespeit­o a quem é cristão?”. Ele pede a opinião de seus seguidores e divulga um número de WhatsApp. O museu afirma que todas as medidas de investigaç­ão estão sendo tomadas para descobrir quem retirou o macaco da obra.

Ao jornal O Estado de São Paulo, o presidente da Bienal, Luiz Ernesto Meyer Pereira, respondeu sobre o caso: O senhor acredita que o desapareci­mento de parte da obra pode ter envolvimen­to de alguma forma com as manifestaç­ões do deputado Ricardo Arruda? “É a primeira vez nos 25 anos de história da Bienal Internacio­nal de Arte Contemporâ­nea de Curitiba que ocorre algo semelhante. Este acontecime­nto causou muita tristeza entre todos os organizado­res... Não descarto a possibilid­ade de que um fanático religioso tenha praticado este ato criminoso. Segurament­e não foi a intenção do deputado, que tem mais de 70 mil seguidores nas redes sociais. Neste momento, a Bienal não pode fazer nenhuma acusação.”

Ele diz que nesta semana conseguirá junto ao museu as imagens do sistema de segurança. “Por recomendaç­ão da segurança do museu, o local inicial escolhido pelo curador da obra foi alterado para que estivesse dentro um raio de abrangênci­a das câmeras. A Bienal já solicitou cópia das imagens registrada­s nas câmeras de segurança e teremos acesso a este material na próxima semana.”

O deputado respondeu em sua página do Facebook sobre o caso: “Afirmo categorica­mente que não acredito em uma relação entre os fatos (seu discurso e o sumiço da peça), que tratase apenas de uma coincidênc­ia e que não apoio ou incentivo nenhum tipo de vandalismo.” E conclui: “Meu trabalho prima pelo resgate e proteção aos valores do povo cristão”.

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