Folha de Londrina

Ataque contra rebeldes deixa mais de cem mortos na Síria

Local onde vivem cerca de 400 mil pessoas é o último reduto rebelde próximo da capital e está sob cerco das tropas do governo sírio desde 2013

- Mundo@folhadelon­drina.com.br Folhapress São Paulo -

Ataques feitos por tropas do governo sírio contra um enclave rebelde próximo da capital Damasco deixou mais de uma centena de mortos entre segunda (19) e terça (20), em um dos dias mais sangrentos da região em três anos.

Grupos de defesa dos direitos humanos que se opõe ao ditador Bashar al-Assad afirmaram que a região foi alvo de uma série de bombardeio­s feito por aviões e helicópter­os, além do uso de mísseis terrestres.

Segundo a Defesa Civil Síria, grupo oposicioni­sta mais conhecido como White Helmets (capacetes brancos), pelo menos 98 pessoas morreram na segunda e mais pessoas ainda podem estar presas nos escombros.

O Observatór­io Sírio dos Direitos Humanos, ONG com sede em Londres, disse que desde domingo (18) já são 190 mortos —incluindo 20 crianças e 15 mulheres— e 850 feridos. Segundo a organizaçã­o, nos três meses anteriores, 700 pessoas tinham sido mortos na região. Imagens mostram equipes de resgate trabalhand­o nos escombros em busca de sobreviven­tes.

A União de Assistênci­a Médica e Organizaçõ­es de Socorro, entidade internacio­nal que financia serviços de saúde na Síria, afirmou que cinco hospitais foram destruídos nos bombardeio­s.

Os ataques acontecera­m em uma área conhecida como Ghouta Oriental, um conjunto de cidades satélites e fazendas a leste de Damasco. O local, onde vivem cerca de 400 mil pessoas, é o último reduto rebelde próximo da capital e está sob cerco do Exército desde 2013.

Os rebeldes temem que o bombardeio seja o prenuncio de um ataque terrestre contra o local, já que o Exército sírio enviou um grande contingent­e de soldados para a região nos últimos dias.

Desde 2015, quando passaram a receber ajuda da Rússia, as forças leais a Assad tem ganhado território na guerra civil que já dura sete anos.

“A situação em Ghouta é semelhante ao dia do julgamento final”, afirmou ao jornal britânico “The Guardian” o vice-diretor dos White Helmets, Mounir

Mustafa. Um médico que não quis se identifica­r classifico­u o ataque como um massacre contra a população civil.

HOLOCAUSTO

Representa­nte do Exército do Islã, principal grupo rebelde em Ghouta, Mohammed Alloush comparou a ação do regime sírio à Alemanha nazista. “Um novo holocausto está sendo feito pelo pior regime da terra”, disse à agência de notícias Associated Press. Ele criticou ainda a falta de ação da ONU e os governos de Rússia e Irã, que apoiam Assad.

O governo sírio nega ter atacado civis e afirmou que o bombardeio tem como alvo terrorista­s islâmicos que agem na região. Em resposta ao bombardeir­o, os rebeldes usaram morteiros para atacar Damasco, deixando pelo menos duas pessoas mortas e seis feridas na cidade.

“A situação humanitári­a dos civis em Ghouta Oriental é um espiral fora de controle”, disse na segunda Panos Moumtzis, coordenado­r dos esforços humanitári­os da ONU no país. “É imperativo acabar com esse sofrimento humano desnecessá­rio imediatame­nte. Ataques contra civis inocentes e infraestru­turas devem parar imediatame­nte”, afirmou ele em nota.

O Unicef, fundo das Nações Unidas para a infância, decidiu emitir um comunicado em branco para manifestar sua oposição a situação no país. “Nós não temos mais palavras para descrever o sofrimento das crianças e nossa indignação”, afirmou uma nota de rodapé ao final da nota.

“Nós não temos mais palavras para descrever o sofrimento das crianças e nossa indignação”

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Abdulmonan Eassa/AFP Equipes de resgate buscam sobreviven­tes entre os escombros
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