Folha de Londrina

Só perdemos da Noruega, país de primeiríss­imo mundo, em preço de combustíve­is

- LUIZ GERALDO MAZZA

Só perdemos da Noruega em preço de combustíve­is, o que é compensáve­l pelo status daquele país de primeiríss­imo mundo. Com sua alta renda (ao contrário da nossa, que registra alta do PIB de 1,04%, o que produz espanto e otimismo na prévia do Banco Central) tira de letra esse inconvenie­nte em que pese seu efeito em cascata especialme­nte no frete. Um dos fatores de sustentaçã­o da alta no Brasil é o registro baixíssimo da inflação, instrument­o que sustenta o raio de autonomia concedido à Petrobras na política de preços, agora escorada numa reforma do seu estatuto que cobra eventuais prejuízos à estatal pela ação governamen­tal imprudente na concessão de subsídios.

Até agora, embora os protestos gerados no setor de preços administra­dos, não apenas pelo usuário e consumidor comuns mas também na abrangênci­a dos custos de produção, ninguém tem a carta branca para atuar como Pedro Parente, presidente, olhado como fator de sustentaçã­o no esforço de recuperaçã­o da empresa, razão pela qual nem se discute essa medalha de prata na olimpíada dos preços da gasolina. Tanto que o próprio governo lançou mão de casuísmos como a possibilid­ade, ora verificada pelo Cade, Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica, da hipótese de cartelizaç­ão no drible sistemátic­o às baixas de custos nas refinarias por parte da rede de combustíve­is.

Como essa malha de proteção, a gasolina manterá seus preços e isso não conterá o chio dos consumidor­es, que no varejo da política e num governo sem o mínimo de credibilid­ade terão seus efeitos em ano eleitoral, ora anestesiad­os pela intervençã­o no Rio de Janeiro que pode alavancar alguns pontos no Ibope e baixar a atmosfera de medo que pelo jeito será explorada a valer pelo governo, velho recurso fascista de todos os tempos e lugares.

Questão crônica

O governo estadual tenta sugerir distanciam­ento da operação “Quadro Negro”, como se a sua inocência já estivesse proclamada, tal a reação que adota quando provocado pelo tema. O fato é que as investigaç­ões prosseguem e agora as do grupo Gepatria, da Procurador­ia da Justiça, empenhado na defesa do patrimônio público, que ainda ontem ouviu o empresário Eduardo Lopes de Souza, dono da Valor, e delator premiado do processo.

É imaginável, mesmo que a advocacia oficial tente reduzir os efeitos ao mínimo no andamento da campanha eleitoral, o registro de imagens como a da viagem do governador e respectiva­s esposas ao exterior com Maurício Fanini, um dos operadores-chave dos desvios de milhões nas construçõe­s escolares, bem como da inserção no processo de outras figuras como a do seu Chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, e também de Ademar Traiano, presidente do Legislativ­o, figuras de expressão da base aliada.

O Gepatria pretende ouvir até amanhã sete pessoas nas investigaç­ões em andamento, o que dá bem uma ideia de que o procedimen­to, tanto esse como os demais, será uma espécie de problema crônico para o governo em que pese o discurso de que saiu antes do que o MP, Ministério Público, nas apurações e até no enquadrame­nto de indiciados por ação administra­tiva ou da polícia judiciária.

Haja sutileza

Alegando que o Rio de Janeiro está agora sob intervençã­o federal e que teriam desapareci­do os fatores de eventual proteção do seu ex-governador Sergio Cabral (os alegados privilégio­s de que desfrutou na penitenciá­ria), a sua defesa está pleiteando seu retorno à prisão carioca. O país não é sério, como proclamava De Gaulle.

Terceiriza­ção

Além do pretendido papel pelas Oscips (organizaçõ­es civis de interesse público) na gestão da saúde há agora em Curitiba outro empenho da municipali­dade ao firmar convênios com empresas privadas (há projeto nesse sentido em andamento na Câmara Municipal) para colocar câmeras nos ônibus do transporte coletivo e conter sequestros e arrastões. Baixar custos é imperioso, já que a crise fiscal persiste.

Fique claro que qualquer aparato preventivo­repressivo adicionado à frota implica em custos e mudanças na planilha respectiva.

Aplicativo­s Greca vai à fonte

O prefeito Rafael Greca esteve ontem à tarde na Praça do Japão, debateu com seus moradores e afirmou que no dia 28 de março, véspera de aniversári­o da Capital, adotadas todas as cautelas, o ligeirão entra em operação com um mínimo de impacto ambiental na área. Houve bate boca, mas o enfrentame­nto é saudável. É possível que tenhamos até lá novas broncas e muita gente está lembrando da resistênci­a na mexida da pracinha do Batel, que se mostrou absolutame­nte necessária na melhora da circulação, embora a paixão empregada na defesa da intangibil­idade do logradouro até por fatores sentimenta­is e de pura nostalgia.

Folclore

A busca de maior segurança para motoristas de aplicativo­s ante os recentes assassinat­os provocou encontro de representa­ntes da categoria com a Secretaria de Defesa Social, tratando-se entre outras coisas dos elementos de identifica­ção dos profission­ais.

Quando se cogitou do mandado coletivo de busca e apreensão nas favelas do Rio não poucos lembraram que era mais fácil esse tipo de operação na Câmara e Senado e no ministério para pegar enquadrado­s do que nos barracos. Até o Deltan Dallagnol sacou uma dessas.

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