Só perdemos da Noruega, país de primeiríssimo mundo, em preço de combustíveis
Só perdemos da Noruega em preço de combustíveis, o que é compensável pelo status daquele país de primeiríssimo mundo. Com sua alta renda (ao contrário da nossa, que registra alta do PIB de 1,04%, o que produz espanto e otimismo na prévia do Banco Central) tira de letra esse inconveniente em que pese seu efeito em cascata especialmente no frete. Um dos fatores de sustentação da alta no Brasil é o registro baixíssimo da inflação, instrumento que sustenta o raio de autonomia concedido à Petrobras na política de preços, agora escorada numa reforma do seu estatuto que cobra eventuais prejuízos à estatal pela ação governamental imprudente na concessão de subsídios.
Até agora, embora os protestos gerados no setor de preços administrados, não apenas pelo usuário e consumidor comuns mas também na abrangência dos custos de produção, ninguém tem a carta branca para atuar como Pedro Parente, presidente, olhado como fator de sustentação no esforço de recuperação da empresa, razão pela qual nem se discute essa medalha de prata na olimpíada dos preços da gasolina. Tanto que o próprio governo lançou mão de casuísmos como a possibilidade, ora verificada pelo Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, da hipótese de cartelização no drible sistemático às baixas de custos nas refinarias por parte da rede de combustíveis.
Como essa malha de proteção, a gasolina manterá seus preços e isso não conterá o chio dos consumidores, que no varejo da política e num governo sem o mínimo de credibilidade terão seus efeitos em ano eleitoral, ora anestesiados pela intervenção no Rio de Janeiro que pode alavancar alguns pontos no Ibope e baixar a atmosfera de medo que pelo jeito será explorada a valer pelo governo, velho recurso fascista de todos os tempos e lugares.
Questão crônica
O governo estadual tenta sugerir distanciamento da operação “Quadro Negro”, como se a sua inocência já estivesse proclamada, tal a reação que adota quando provocado pelo tema. O fato é que as investigações prosseguem e agora as do grupo Gepatria, da Procuradoria da Justiça, empenhado na defesa do patrimônio público, que ainda ontem ouviu o empresário Eduardo Lopes de Souza, dono da Valor, e delator premiado do processo.
É imaginável, mesmo que a advocacia oficial tente reduzir os efeitos ao mínimo no andamento da campanha eleitoral, o registro de imagens como a da viagem do governador e respectivas esposas ao exterior com Maurício Fanini, um dos operadores-chave dos desvios de milhões nas construções escolares, bem como da inserção no processo de outras figuras como a do seu Chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, e também de Ademar Traiano, presidente do Legislativo, figuras de expressão da base aliada.
O Gepatria pretende ouvir até amanhã sete pessoas nas investigações em andamento, o que dá bem uma ideia de que o procedimento, tanto esse como os demais, será uma espécie de problema crônico para o governo em que pese o discurso de que saiu antes do que o MP, Ministério Público, nas apurações e até no enquadramento de indiciados por ação administrativa ou da polícia judiciária.
Haja sutileza
Alegando que o Rio de Janeiro está agora sob intervenção federal e que teriam desaparecido os fatores de eventual proteção do seu ex-governador Sergio Cabral (os alegados privilégios de que desfrutou na penitenciária), a sua defesa está pleiteando seu retorno à prisão carioca. O país não é sério, como proclamava De Gaulle.
Terceirização
Além do pretendido papel pelas Oscips (organizações civis de interesse público) na gestão da saúde há agora em Curitiba outro empenho da municipalidade ao firmar convênios com empresas privadas (há projeto nesse sentido em andamento na Câmara Municipal) para colocar câmeras nos ônibus do transporte coletivo e conter sequestros e arrastões. Baixar custos é imperioso, já que a crise fiscal persiste.
Fique claro que qualquer aparato preventivorepressivo adicionado à frota implica em custos e mudanças na planilha respectiva.
Aplicativos Greca vai à fonte
O prefeito Rafael Greca esteve ontem à tarde na Praça do Japão, debateu com seus moradores e afirmou que no dia 28 de março, véspera de aniversário da Capital, adotadas todas as cautelas, o ligeirão entra em operação com um mínimo de impacto ambiental na área. Houve bate boca, mas o enfrentamento é saudável. É possível que tenhamos até lá novas broncas e muita gente está lembrando da resistência na mexida da pracinha do Batel, que se mostrou absolutamente necessária na melhora da circulação, embora a paixão empregada na defesa da intangibilidade do logradouro até por fatores sentimentais e de pura nostalgia.
Folclore
A busca de maior segurança para motoristas de aplicativos ante os recentes assassinatos provocou encontro de representantes da categoria com a Secretaria de Defesa Social, tratando-se entre outras coisas dos elementos de identificação dos profissionais.
Quando se cogitou do mandado coletivo de busca e apreensão nas favelas do Rio não poucos lembraram que era mais fácil esse tipo de operação na Câmara e Senado e no ministério para pegar enquadrados do que nos barracos. Até o Deltan Dallagnol sacou uma dessas.