Folha de Londrina

Embaixador­es do Brasil em Roma, Paris e Lisboa podem começar a arrumar as malas

- CLÁUDIO HUMBERTO

(Ministério Público Federal), Júnior foi o responsáve­l por recolher comissões das empresas interessad­as em executar os serviços. Os valores teriam sido destinados a campanhas do PSDB. Novo diretor-geral da ANTT foi citado na Lava Jato sobre obras do Rodoanel

Brasília – O presidente Michel Temer nomeou o engenheiro Mário Rodrigues Júnior para o cargo de diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transporte­s Terrestres). O executivo foi citado em depoimento­s de empreiteir­os alvo da Lava Jato por suposta participaç­ão em esquema de corrupção nas obras do Rodoanel de São Paulo.

Questionad­o pela reportagem, o Palácio do Planalto informou que o presidente não tinha conhecimen­to das denúncias contra o executivo, mas não adiantou se ele recuará da nomeação, publicada nesta terça (20) no Diário Oficial da União. Júnior substituir­á Jorge Luiz Macedo Bastos e terá mandato até 18 de fevereiro de 2020. Ele é apadrinhad­o político do PR, partido controlado pelo ex-deputado condenado no mensalão Valdemar Costa Neto.

Desde agosto de 2016, já ocupava um cargo de diretoria na ANTT. Antes, exerceu funções de comando na Valec, a estatal federal de ferrovias, e na própria agência reguladora. O novo diretor-geral da ANTT, órgão que fiscaliza os serviços de exploração da infraestru­tura de transporte­s, é investigad­o por sua atuação como diretor da Dersa (Desenvolvi­mento Rodoviário S/A) em gestões tucanas. Coube a ele conduzir a licitação para um dos trechos da obra, em 2006.

Após as delações da Odebrecht, um inquérito sobre o caso foi aberto pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para investigar o senador José Serra (PSDB-SP), ex-governador de São Paulo, por supostos pagamentos indevidos relacionad­os ao empreendim­ento. O senador nega participaç­ão em quaisquer irregulari­dades.

Conforme os depoimento­s à Polícia Federal e ao MPF

‘ACORDO’ O executivo Roberto Cumplido, ex-diretor de Contratos da Odebrecht em São Paulo que fez delação premiada, contou à PF que as empresas fizeram “acordo de mercado” para vencer a licitação para o Rodoanel Sul com desconto mínimo em relação ao preço estabeleci­do no edital.

Ele afirmou que, em contrapart­ida, Júnior solicitou recursos para, supostamen­te, repassar para o partido.

“Júnior mencionava que deveria arrecadar recursos para o PSDB. De fato, após a licitação, efetuou o pagamento de R$ 1,2 milhão para Júnior. Concordou com o pedido feito por Júnior, tendo em vista que, de fato, foram incluídos serviços no edital do Rodoanel Sul, conforme demanda das empresas”, declarou Cumplido num dos depoimento­s.

Segundo ele, o dinheiro foi entregue em espécie ao então diretor da Dersa num endereço indicado por ele próprio. O delator relatou que todas as empreiteir­as participan­tes da concorrênc­ia foram procuradas para fazer pagamentos a Júnior na proporção de sua participaç­ão nas obras.

O executivo da OAS Carlos Henrique Barbosa Lemos, líder operaciona­l da empreiteir­a em São Paulo, também acusou Júnior de integrar o suposto esquema de corrupção. Em depoimento à PF, ele contou que, em troca de facilidade­s para conseguir participar das obras, as empreiteir­as concordara­m em pagar R$ 30 milhões para reforçar o caixa de campanhas tucanas.

“Caberia a cada empresa realizar o pagamento solicitado diretament­e a Júnior”, contou.

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