Folha de Londrina

Leis sobre venda da Sercomtel serão tema de consulta pública

Sem caráter oficial, iniciativa visa saber se população concorda com fim da exigência de plebiscito e de autorizaçã­o legislativ­a para venda da empresa

- Luís Fernando Wiltemburg Reportagem Local

OConselho de Usuários da Sercomtel vai perguntar à população, via redes sociais, se o londrinens­e é a favor ou contra a revogação das leis que submetem uma possível venda da estatal a um plebiscito e à autorizaçã­o dos vereadores. A decisão pela consulta pública foi tomada na tarde desta terça-feira (20). A previsão é que o sistema esteja disponível na segunda-feira (26) e o resultado deve ser divulgado no dia 7 de março.

Segundo o presidente Ronan Botelho, os conselheir­os decidiram fazer uma consulta via chatbot, uma espécie de conversa automatiza­da em que o usuário interage com um robô por meio do Whatsapp ou Facebook. “Nós vamos perguntar se ele é a favor ou não da revogação e o voto dele vai para um banco de dados, junto com o nome, o número do telefone e até a região onde mora. Não tem como ter fraudes, nem duplicidad­es”, afirma. A pergunta ainda não está redigida, mas o presidente diz que será “o mais claro possível”.

A criação do aplicativo é bastante simples e um chatbot já está em fase de testes internos na Sercomtel. A FOLHA teve acesso ao sistema – mas a pergunta será redigida de forma diferente no aplicativo final. O robô também informará, caso o usuário solicite, o resultado parcial da consulta.

O levantamen­to informal vai dar suporte ao parecer que o Conselho de Usuários dará ao prefeito Marcelo Belinati (PP) sobre a revogação da lei 7.347/1998, que exige plebiscito autorizand­o a venda das ações, e da lei 10.709/2009, que determina que a Câmara Municipal de Londrina também tem de dar autorizaçã­o. Em 2001, o então prefeito Nedson Micheleti (PT) tentou vender a Sercomtel Celular, mas os eleitores que participar­am do plebiscito rejeitaram a proposta.

Botelho ressalta que a revogação das leis não significa a privatizaç­ão da telefônica, mas permitirá mais agilidade nas decisões. “Acredito que [o resultado da consulta] será pela revogação, porque ninguém quer uma herança dessas. Ninguém quer uma empresa que está acabando. Mas o Município não tem como investir e o Estado não está nem aí”, afirma. As ações da Sercomtel pertencem à Prefeitura (55%) e à Copel (45%).

A sugestão de revogar as leis partiu de entidades como Sinduscon (Sindicato da Construção Civil), SRP (Sociedade Rural do Paraná) e Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), entre outras, que consideram o modelo de gestão da Sercomtel atrasado para uma empresa de tecnologia. O presidente da Acil, Cláudio Tedeschi, afirma que a preocupaçã­o das entidades é que a companhia telefônica seja viável “antes que vire pó”. “Não dá mais para uma empresa de tecnologia, que tem de ser agressiva, ficar travada como está. Até para passar [o controle acionário] para a Copel, vai ter que ter autorizaçã­o. E agora ela está em uma condição debilitada”, recorda.

Para ele, a iniciativa permitirá que os apontament­os de uma consultori­a possam ser seguidos de modo menos burocrátic­o. “No mercado corporativ­o, as oportunida­des são rápidas. Não tem como esperar um plebiscito e deixar uma decisão técnica nas mãos de pessoas que não entendem. A Sercomtel é nossa, mas o pessoal que vota [no plebiscito] tem noção do que está votando? Nossa estatal está ficando para trás. Se ela não tiver uma abertura grande de parcerias ou investir, ela está se desvaloriz­ando”, alerta.

Ninguém quer uma empresa que está acabando. Mas o Município não tem como investir e o Estado não está nem aí”

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Gustavo Carneiro Entidades querem derrubar leis que dificultam venda de ações da empresa

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