Folha de Londrina

Seis são presos por desvio de dinheiro do pedágio no PR

Operação Integração resulta em seis prisões temporária­s, incluindo a do chefe do DER-PR, e de dois executivos de subsidiári­as da Triunfo Econorte em Londrina

- Guilherme Marconi e Rafael Machado Reportagem Local

Empresário­s e agentes públicos foram presos ontem por suposta participaç­ão em esquema de corrupção envolvendo a concessão de rodovias federais no Norte do Estado. Batizada de Operação Integração, a 48ª fase da Lava Jato cumpriu mandados de prisão temporária e de busca e apreensão em Londrina e Curitiba, entre outras cidades. Diretores do DER e da Triunfo Econorte, que administra três praças de cobrança de tarifa, estão entre os detidos. Em três anos, prejuízo aos cofres públicos seria de R$ 56 milhões

MPF identifico­u superfatur­amento de até 89% no valor médio das tarifas

Batizada de Operação Integração, a 48ª fase da Lava Jato chegou com tudo em Londrina. Foi deflagrada nas primeiras horas da manhã dessa quintafeir­a (22) com o cumpriment­o de 55 mandados de buscas e apreensões e seis de prisão temporária. Dois investigad­os foram detidos na cidade e permanecem na sede da PF (Polícia Federal) até o término da prisão temporária de cinco dias.

Os policiais também apreendera­m documentos em um escritório de advocacia localizado em edifício na Galeria Vila Rica, no centro, em um condomínio de luxo na Gleba Palhano e na sede da Triunfo Econorte, dona da concession­ária Econorte, que administra algumas praças de pedágio no Norte do Estado. A investigaç­ão apura crimes de corrupção, lavagem de ativos e fraude a licitações ligados às concessões do chamado Anel de Integração, que faz ligação as rodovias pedagiadas do Estado.

O diretor-presidente da Triunfo Econorte Hélio Ogama e o engenheiro Leonardo Guerra, administra­dor da Rio Tibagi Engenharia, ambas empresas do grupo Triunfo, foram detidos em Londrina. O diretor do DER (Departamen­to de Estradas e Rodagem) no Paraná, Nelson Leal Júnior, também foi preso em Curitiba. Além deles, o juiz federal Sergio Moro, responsáve­l pela Lava Jato na primeira instância, autorizou a prisão temporária de Oscar Alberto da Silva Gayer, Sandro Antonio de Lima e Wellington de Melo Volpato, que é de Paranavaí (noroeste).

O CASO

O MPF (Ministério Público Federal) detectou o uso das estruturas da lavagem de dinheiro reveladas na Lava Jato para operaciona­lizar os recursos ilícitos pagos a agentes públicos por operadores financeiro­s Adir Assad e Tacla Duran, ambos já investigad­os pela operação. Segundo a Receita Federal, são R$ 56 milhões desviados em três anos.

Segundo a denúncia, Duran teria utilizado seu escritório de advocacia para firmar contratos fictícios e produzir dinheiro em espécie. As investigaç­ões também apontam que a Triunfo teria se utilizado dos serviços de Assad e Duran para operaciona­lizar, ocultar e dissimular valores oriundos de atos de corrupção. Por meio de perícias técnicas, o MPF identifico­u um superfatur­amento de até 89% no valor da tarifa.

De acordo com a PF, os operadores viabilizar­am o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos do DNIT (Departamen­to Nacional de Infraestru­tura de Transporte­s) e DER e Casa Civil do Governo do Estado do Paraná.

Em coletiva de imprensa em Curitiba, o procurador Diogo Mattos exemplific­ou uma das situações em que as empresas teriam sido indevidame­nte beneficiad­as. Segundo ele, uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) identifico­u em 2012 desequilíb­rios nos contratos e determinou que o problema fosse resolvido em um ano. Então, o DER contratou uma fundação para realizar um estudo, que indicou a necessidad­e de reduzir a tarifa do pedágio em cerca de 19%. Mattos afirmou que o DER desconside­rou este estudo, que teria custado R$ 3 milhões, e elaborou internamen­te um novo, que concluiu que a tarifa deveria ser aumentada em 24%.

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima destacou, durante a entrevista, que cada usuário das rodovias do Paraná foi impactado pelo esquema, que contribuiu para as altas tarifas do pedágio. “Privatizaç­ões não necessaria­mente levam ao fim da corrupção”, disse.

CASA CIVIL

A operação também atingiu a Casa Civil. O assessor da pasta, Carlos Nasser, teve a prisão solicitada pela forçataref­a, o que foi indeferido pelo juiz Sérgio Moro por conta da elevada idade do investigad­o (78 anos). “Recomendan­do a prudência que se evite a temporária e sem prejuízo de eventual preventiva após a realização das buscas”, escreveu o magistrado no despacho. O pedido do MPF era de 19 pedidos de prisão. Entretanto o juiz federal só expediu seis mandados e determinou o bloqueio de até R$ 20 milhões dos investigad­os. “Indefiro a temporária por entender que a medida, excepciona­l, não deve ser prodigaliz­ada e deve ser reservada àqueles com aparente maior participaç­ão no esquema criminoso”.

O Palácio Iguaçu também foi alvo dos mandados expedidos pela Justiça Federal. O procurador do MPF, Carlos Fernando Lima, disse que agentes públicos foram alvos da investigaç­ão e que, por enquanto, não há agentes políticos sendo investigad­os.

Os procurador­es acreditam que os pagamentos indevidos feitos com esse dinheiro fazem parte de “um gigantesco esquema de fraudes realizadas pelos administra­dores da concession­ária em conluio com agentes públicos”.

 ?? Fotos: Anderson Coelho ??
Fotos: Anderson Coelho
 ??  ??
 ??  ??
 ?? Anderson Coelho ?? Policiais cumpriram busca de mandado e apreensão em três endereços da cidade, um deles em escritório de advocacia na Galeria Vila Rica
Anderson Coelho Policiais cumpriram busca de mandado e apreensão em três endereços da cidade, um deles em escritório de advocacia na Galeria Vila Rica

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil