Folha de Londrina

Chefe do DER-PR preso comprou apartament­o de R$ 2,5 mi em SC

MPF diz que Nelson Leal Júnior, detido na Operação Integração, pagou R$ 500 mil em espécie ou com recursos de origem não identifica­da

- Agência Estado

e O diretor-geral do Departamen­to de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná, Nelson Leal Júnior, adquiriu um apartament­o de R$ 2,5 milhões em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Deste montante, o dirigente pagou cerca de R$ 500 mil em que prestava serviços de engenharia às concession­árias de pedágio”.

A Integração investiga o pagamento de propina da concession­ária Econorte, do grupo Triunfo, a agentes públicos do Departamen­to Nacional de Infraestru­tura de Transporte­s (DNIT), do DER, do Paraná, e da Casa Civil do Governo do Estado. A empresa teria usado operadores financeiro­s para fazer os repasses.

O juiz federal Sérgio Moro mandou prender também o agente do DER, do Paraná, Oscar Alberto da Silva Gayer, o atual diretor-presidente da Econorte, Helio Ogama, o dirigente da empresa Rio Tibagi, Leonardo Guerra, o diretor financeiro da Triunfo Participaç­ões, Sandro Antônio de Lima, e do empresário Wellington de Melo Volpato. Todos foram capturados pela Polícia Federal.

espécie “ou com recursos cuja origem não foi identifica­da”. Nelson Leal Júnior foi preso na Operação Integração, 48ª fase da Lava Jato, deflagrada nessa quinta-feira, 22.

A investigaç­ão apontou “evidências” de que Nelson também “teve as despesas do aluguel de um iate de luxo custeadas por um empresário

SEM DECLARAÇÃO

Segundo o Ministério Público Federal, Nelson Leal Júnior adquiriu o apartament­o 5 de dezembro de 2013 da Incorporad­ora Cechinel por R$ 2,58 milhões. Os investigad­ores apontam que em 23 de fevereiro de 2015, o diretor do DER-PR “cedeu seus direitos sobre o imóvel para a empresa Junqueira Leal Arquitetur­a Ltda, representa­da na ocasião pelo próprio Nelson Leal Júnior”.

O apartament­o, afirma a Procurador­ia da República, não foi declarado no imposto de renda do diretor do DER-PR entre 2013 a 2015 e nem no de sua mulher. Segundo o 1º Registro de Imóveis de Balneário Camboriú, o apartament­o continua registrado em nome da Incorporad­ora Cechinel.

Em relatório, o Ministério Público Federal apontou que do valor total do apartament­o, R$ 200 mil foram pagos por depósito bancário em 17 de dezembro de 2013, em transferên­cia que partiu da conta de Nelson Leal Júnior. Em 30 de janeiro do ano seguinte, foram pagos R$ 1,3 milhão por duas transações bancárias de R$ 650 mil. Um dos depósitos partiu da conta de Nelson Leal Júnior e outro da conta de sua mulher.

Do valor restante, R$ 80 mil foram quitados em 27 de janeiro de 2015 por boleto bancário. O pagamento foi feito por cheque da empresa Junqueira Leal Arquitetur­a.

Um saldo de R$ 1 milhão, segundo a investigaç­ão, “está sendo pago em parcelas mensais de R$ 14.285,71, corrigidas, a partir de 10 de janeiro de 2015”. A Incorporad­ora Cechinel informou ao Ministério Público Federal que até 5 de agosto de 2016 foram pagos R$ 564.089,86.

“Mais de duas dezenas dos boletos foram pagos em espécie presencial­mente por Nelson Leal Júnior diretament­e no setor financeiro da Construtor­a, em Balneário Camboriú”, relatou o juiz Sérgio Moro na decisão. “Chama a atenção que o investigad­o Nelson Leal Júnior preferia deslocar-se com quantidade­s vultosas em espécie até Balneário Camboríu/SC, endereço da Incorporad­ora Cequinel, para efetuar dezenas de pagamentos em espécie de parcelas do imóvel ao invés de realizar depósitos bancários a partir de Curitiba.”

O Ministério Público Federal apontou que o diretor do DER-PR pagou R$ 36.358,38 de taxas de condomínio do apartament­o para a empresa Fênix Condomínio­s. As informaçõe­s foram prestadas pela própria empresa.

NEGATIVA

Durante o depoimento ao procurador do MPF, Diogo Castor de Matos, Nelson Leal disse que não costuma pagar despesas pessoais em espécie. Ele disse que foi indicado, em 2013, ao cargo pelo irmão do governador do Beto Richa (PSDB), José Richa Filho, mais conhecido como Pepe Richa. Atualmente, Pepe Richa é secretário de Infra-estrutura e Logística do Paraná. Beto Richa e Pepe Richa não são investigad­os na operação.

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Antonio Costa/AENPR Segundo MPF, apartament­o de Nelson Leal em Balneário Camboriú não foi declarado no IR; diretor nega acusações

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