Deputados demonstram preocupação com ‘questão pedágio’
Deputados estaduais ouvidos pela FOLHA demonstraram preocupação com a deflagração, nessa quinta-feira (22), da Operação Integração, como foi denominada a 48ª fase da Lava Jato. Isso porque o foco das investigações é uma suposta fraude na concessão de rodovias federais, tema que já foi alvo de duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, além de acalorados debates. O Ministério Público Federal (MPF) informou que identificou um superfaturamento de até 89% no valor das tarifas de pedágio. O foco são duas empresas ligadas ao Grupo Triunfo, do qual faz parte a Econorte, uma das seis companhias do Anel de Integração do Estado.
O líder do governo Beto Richa (PSDB) na AL, Luiz Cláudio Romanelli (PSB), disse temer que o caso interfira no andamento das obras da rodovia BR-369, entre Jataizinho e Cornélio Procópio, no Norte Pioneiro. A duplicação do trecho de 34 quilômetros está prevista para começar hoje. “Durante um ano e meio tivemos um amplo processo de negociação para antecipar essa obra, com a Econorte. Espero que a operação não atrapalhe. Tenho essa preocupação pontual”, afirmou. Ainda de acordo com ele, compete a quem fez as acusações comprová-las. “Espero que as pessoas acusadas sejam inocentes ou provem sua inocência e essas coisas sejam esclarecidas”.
Romanelli destacou que sempre questionou o atual modelo de cobrança de pedágio. O político já foi até flagrado “furando” as cancelas, na época em que era líder do exgovernador Roberto Requião (PMDB). “Eu historicamente sou contra e os governos todos ficaram à mercê das decisões da Justiça Federal. É surpreendente porque o MPF e a Justiça, em muitas ações e momentos, deram ganho de causa para as concessionárias. Não sei se cabia ter levado o caso para a Lava Jato, mas tomara que contribua para termos uma solução. Agora, as concessões atuais terminam em 2021. Estamos com obras em andamento. Ou elas vão acontecer ou não vão. Se alguém desviou dinheiro ou recebeu propina, claro, tem que ser responsabilizado. Mas eu, como deputado que representa a região [das obras da BR-369], tenho essa aflição”, completou.
PEDAGIÔMETRO
Autor da emenda que criaria o chamado “pedagiômetro” nas estradas paranaenses, Tercílio Turini (PPS) também comentou o desdobramento das investigações. A proposta do pepepista foi aprovada no final de 2015 pela Assembleia, entretanto, até hoje não saiu do papel. “Há quanto tempo a gente vem batendo na tecla do pedágio? Há anos. Não dá para entender. A operação pega só a Econorte, por enquanto. Como pode ter um pedágio que custa R$ 22 para carro e, se eu não me engano, R$ 17,30 para caminhão, em Jataizinho e Sertaneja? É um absurdo, o mais caro do planeta. E a gente sempre lutou para se abrir essa caixa preta do pedágio”, criticou.
A ideia de Turini seria que o Estado pudesse controlar o número de veículos que passam pelas praças por hora, semana e mês, bem como o valor arrecadado, em tempo real. “Quem faz esse controle é a própria concessionária. Nós aprovamos a legislação e nunca foi [colocada em prática]. Diziam que estavam vendo tecnologia. Sempre tinha uma desculpa. Em todas as reuniões que fizemos, com o Ministério Público, o Tribunal de Contas, as audiências públicas, cobramos transparência”, prosseguiu. O deputado acrescentou que está acompanhando as investigações. “É bom sim que o MP e o MPF façam um ‘pente fino’ nessa questão [das concessões]”.