COLUNA DO PVC
Atuação do Corinthians sem um atacante de referência remete a análise feita por ex-técnico em 1996.
Foi logo depois de empatar com a Rússia, em Moscou, por 2 x 2, em 1996, que Zagalo mandou a frase que muita gente julgou uma pérola. Ele falava que o futuro do futebol seria no 4-6-0. Referia-se à atuação de Donizete, ex-Botafogo, que estava no Benfica, atacante que se movimentava por todo o campo e não dava referência ao time rival.
“É o que vejo para o futuro do futebol. Os atacantes voltam para fazer marcação no meio-de-campo, movimentam-se pelo campo todo e chegam na área para finalizar”, disse Zagalo. A frase foi publicada pela Folha no dia 30 de agosto de 1996, matéria de Arnaldo Ribeiro.
A lembrança de Zagalo tem tudo a ver com o desempenho do Corinthians no clássico de sábado (24), contra o Palmeiras, pelo Campeonato Paulista. “Era 4-4-2 sem a bola, 4-2-4 com a bola. A ideia era essa”, explicou Carille.
Só que os dois da frente eram meias, Jadson e Rodriguinho. Os atacantes de origem jogavam pelos lados e marcavam os laterais. Romero pela direita, Clayson pela esquerda.
Jadson e Rodriguinho rodavam no ataque e, quando o Corinthians defendia, ficavam à frente do sistema de marcação. Como hoje se joga em 25 metros, estavam no final desse espaço entre o primeiro zagueiro e o último atacante.
Vai ser impossível criar um sistema 4-6-0, como previu Zagalo. Mas um time que movimente todo o ataque é possível. O Flamengo de 1981 era assim, embora tivesse Nunes como centroavante. O São Paulo, de Telê, não tinha centroavante, em 1992 e 1993, nas duas campanhas dos mundiais de clubes. Com Cruyff como técnico, o Barcelona variava entre Julio Salinas e Stoitchkov, antes da chegada de Romário.
Com ou sem centroavante, dependendo do jogo. Carille fez isso. Na sexta-feira, o técnico mais sincero do Brasil foi cínico. Anunciou a escalação, com a maior sinceridade possível. Questionado se Romero seria a referência, respondeu: “Pode ser a referência também.” Não men- tiu. Também não disse que Romero jogaria pela direita, como jogou.
Ao Palmeiras, cabia impor seu jogo. Não conseguiu. O Corinthians, que no ano passado foi muito mais letal quando não teve a bola, fez sua melhor partida neste ano quando conseguiu tirar a posse do rival aparentemente mais forte. A pergunta é se Carille achou o time para o resto da temporada ou se a Libertadores exige um time de menos toque e mais força.
MAIS UM FRACASSO
O São Paulo jogou com Hudson e Petros como volante e sem Nenê. Sinal de que Dorival Júnior preferia mesmo um meia veloz pelo lado do campo a ter Nenê na equipe titular. Dorival não pediu e preferia não ter a contratação do meia, ex-Vasco.
Só que com Valdívia, o São Paulo também não conseguiu jogar bem. Teve 64% de posse de bola e segue sendo o líder do Paulista só neste quesito. Chutou oito vezes ao gol, mas não marcou.
Dorival Júnior não gostava da ideia de continuar com Pratto na equipe, preferia não ter recebido nem Nenê nem Trellez. Não é razão para perder do Ituano e São Bento, empatar com a Ferroviária e Novorizontino e perder dois clássicos. No estadual, o São Paulo ganhou três vezes e perdeu quatro.
GUARDIOLA
O primeiro título de Guardiola como técnico do Manchester City veio junto com o retorno de Gabriel Jesus. Tite olhou com atenção, porque o Arsenal, o adversário, joga com linha de cinco defensores, a grande preocupação do técnico da seleção para a Copa do Mundo da Rússia, em 2018.
ERRATA
A última sequência de quatro vitórias consecutivas no clássico Corinthians x Palmeiras foi em 1985, não em 1964, como aqui escrevi ontem. O Corinthians venceu quatro seguidas daquela vez. Entre o 1 a 0 de 1983 e o 1 a 0 de 1985. Cinco seguidas, só o Palmeiras, entre 1931 e 1934.
Atuação do Corinthians sem um atacante de referência remete a uma análise feita pelo ex-técnico em 1996